quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Notas sobre um escândalo...

Companheiros de jornada,

a Caravana passa, mas os cães de vez em quando mostram os dentes...pela primeira vez nesta jornada da caravana, assistimos a um espetáculo de estupidez, barbárie e reacionarismo contra nós do Tá Na Rua, protagonizado por estudantes e professores dos cursos de engenharia da Universidade Fedreal de Santa Catarina.

Ontem, 03/09, pela manhã, realizavamos um cortejo que percorria os diferentes centros do Campus Central da UFSC em Florianópolis. Fazíamos a nossa chegança com tambores, bandeiras e nossos trapos coloridos, quando de repente o professor Sérgio Kohler, conhecido pelos alunos pela sugestiva alcunha de "hitler", subiu numa bancada e começou dirigir impropérios contra nós, gritando : "vagabundos!", "comunistas", "palhaços"...etc. Alguns professores - pasmem! - começaram a jogar pedaços de giz das sacadas, incitando seus alunos a fazerem o mesmo. Um episódio de brutalidade e intolerância que m,e remeteu a algumas cenas do "Dar Não Dói", memórias de um período histórico que não vivemos, mas que ressurgiu neste momento, em uma "vivência histórica" espetacular e assustadora.

Fomos embora literalmente escorraçados, sem sequer poder abrir a nossa roda, nossa trouxa, e manifestaremos o nosso teatro. Ficamos com aquilo travados no peito e conversamos muito sobre como poderíamos responder aquilo de maneira teatral, com a nossa linguagem....e as idéias foram surgindo: começamos a nos enrolar em panos pretos, amordaçamos nossas bocas e saímos num cortejo silencioso marcado pelo surdo, "escoltados" por um general (que porimeiro foi o Aldo, depois eu), em direção ao centro de Artes e ao Restaurante Universitário. Na hora em que "encarnei" o general, veio na minha boca todo o discurso ideológico do professor Kohler, e comecei a dizer aos passantres que estava ali para "limpar a universidade destes artistas, vagabundos, comunistas, que querem corromper o espaço sagrado da universidade", e que "em nome dos altos valores da pátria, da família e do conhecimento, estes artistas devem ser banidos da universidade". Esta manifestação foi amplamente filmada e fotografada, e foi uma resposta crítica, cruel e bem-humorada, que despertou reações e conversas na universidade sobre o que ocorreu, e alivou nossos corações depois das cenas de violência e a brutalidade que sofremos. Terminamos este cortejo pra cima, cantando pra subir e exorcizando os fantasmas do reacionarismos que nos rondaram neste dia...

Segue abaixo a nota oficial da UNE sobre o incidente. Abraços,

Alexandre Santini

Não à volta da repressão nas universidades brasileiras



A União Nacional dos Estudantes está realizando em parceria com o Ministério da Saúde a Caravana da UNE: Saúde, Educação e Cultura, percorrendo 41 universidades dos 27 estados do país, promovendo debates, oficinas, atividades culturais, campanhas de prevenção e vacinação, discutindo temas de saúde sob a perspectiva da juventude, educação e cultura no marco da construção de um projeto de desenvolvimento para o Brasil.



Em todos os estados e universidades que a Caravana vem passando as atividades tem se caracterizado pela ampla adesão dos estudantes universitários, pelo ambiente aberto, democrático e lúdico das atividades e pela mobilização e reflexão sobre as questões levantadas nas discussões e debates. Neste sentido, a UNE lamenta profundamente um incidente isolado ocorrido no dia 03/09, no Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Durante a realização de uma intervenção teatral do Grupo Tá Na Rua (RJ), como parte da programação cultural da Caravana, alguns professores incitaram os alunos à violência contra os artistas, proferindo insultos, lançando objetos das sacadas e chegando mesmo a agredir fisicamente alguns atores e atrizes, que foram retirados do prédio com violência por um grupo de estudantes, com o apoio explícito e a força física de alguns professores.



A UNE , com uma trajetória de 71 anos em defesa da democracia e das liberdades de expressão e manifestação, vem a público denunciar este incidente, que adquire uma extrema gravidade por ter ocorrido em um ambiente universitário, espaço que deve se caracterizar pelo livre debate de idéias, expressões e manifestação. Um país que enfrentou 21 anos de ditadura militar não pode permitir em suas universidades manifestações de intolerância e brutalidade como estas, especialmente se partindo de servidores federais no exercício de sua função pública como estes professores.



A Caravana da UNE segue seu rumo e continuará percorrendo as universidades em todo o país, em uma jornada de mobilização, reflexão, criação artística e diálogo com a juventude e os estudantes brasileiros sobre saúde, educação e cultura, contribuindo com o debate de idéias na universidade e garantindo a democracia como conquista fundamental e irrevogável da sociedade brasileira. Compreendemos que tais manifestações de violência e brutalidade são sinais anacrônicos de um pensamento reacionário que já não tem mais lugar na sociedade brasileira.



Saudações estudantis,



União Nacional dos Estudantes (UNE)



Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA)

3 comentários:

Unknown disse...

incrivel, vi um video no qual uma das participantes falava que a une representava os estudantes, porém hoje eu li um comentário muito interessante postado aqui, e "Páhh" o comentário sumiu, vcs adoram criticar e tudo mais, mas quando são criticados preferem se esconder e ficar com suas versões sobre o fato, para mim isso não é e nunca foi representatividade, a cabeça do estudante e as necessidades são diferentes daqueles em q a luta estudantil começou, ditatura e essas coisas do passado. Porém, a une infelizmente não evolui, são estutantes profissionais que fazem parte desse grupo, estutandes que a ultima coisa que pensam em fazer é estudar, pode ser advogada ou oq for, estamos cansados dessa baboseira, nos estudantes, principalmente de engenharia praticamente moramos dentro das universidades e sabemos oq falta e não falta nela, tenho certeza q uma das coisas que falta é respeito daqueles que dizem representantes dos alunos e escutar primeiro oq temos a dizer antes de se proclamarem transmissores de nossos anceios.

Anônimo disse...

Pois bem, Amigos, com todo o respeito, acredito que os dois lados erraram em suas atitudes, e faltou muita comunicação naquela situação, sou estudande de engenharia, lá da UFSC-SC, não vi o episódio, mas fico indignado com qualquer incentivo de violência e radicalismo, e compreendo o seu post, mas acho que é muito fácil olhar só o seu lado, faltou total comunição, poderia ter sido avisado que a caravana passaria em tai centros baquele dia de manhã, e com que propósito, assim já seria uma forma de se evitar a confusão, e assim como o Profº Colle, e não Kohler (como você cita já um sobrenome que poderia ser alemão, expressando uma idéia de nazismo, ditadura), poderia ter evitado com sua reação precipitada o lamentável episódio, da forma como foi, Bom Senso, é uma boa prática, é revoltante, é, mas pra tudo se têm limites, e é a minha opinião,

Rubens

Bruno Volkov disse...

Sou Estudante de administração e acompanhei os eventos do CTC pois trabalho neste centro.
Uma pergunta que fica na minha cabeça é: Por que vcs que pertencem a UNE não estão na Faculdade estudando?
Faculdade pública não é lugar de discussão, é lugar de estudo. Só estudando é que se faz valer o dinheiro investido nela. Não entendo pq lutar por uma faculdade publica de qualidade se vcs não ficam nela. Agora, que é lamentavel o que ocorreu, isso sem duvida. Um erro não justifica o outro.