domingo, 31 de agosto de 2008

LIBERA O SENTIMENTO... finalizamos a região Sudeste.

29/08/08

Pra lá de 00:00 o ônibus parte da Rua Vergueiro- Paraíso, São Paulo rumo à Curitiba, o primeiro estado do Sul do Brasil. A Caravana da Cidadania finaliza a região Sudeste.

Começamos com a Cidade Maravilhosa, em modéstia parte somos um grupo de teatro Carioca, porém em nossa terra estávamos atarefados por demais, assustados talvez, até porque percorreremos o Brasil. Nesta partida alguns ficam, outros vão, ai o Mestre! Esse fica e não sabemos quando vamos vê-lo... no Rio de Janeiro, nossos trabalhos foram realizados com o grupo todo.

Partimos para Vitória. Somos sete. Seríamos oito, mas nosso mago Marcelo Bragança fica no Rio enfraquecido por problemas de saúde (mais tarde teremos notícias de melhora e até a possibilidade dele alcançar a Caravana, quem sabe).

Primeiro dia em Vitória, chega Herculano. Que bom! Bom só em Vitória, não consultaram o mestre. Ah essa calma e maturidade que tanto sonhamos em alcançar. Um dia conseguiremos ou alguns dias conseguiremos e outros não. O velho ficou puto. Nós éramos sete e mais dez pessoas na base que não conseguíamos enxergar. Medo, angústia, sentimento de perda e rejeição, porém com a dualidade da natureza conseguimos fazer um belíssimo trabalho em Minas Gerais, sobretudo no último dia, a mãe católica (PUC) nos acolheu bem. Com certeza o trabalho foi belíssimo muito mais pelas circunstâncias. Escrevi um texto especialmente de Minas Gerais e a PUC.
Em Minas mesmo já começávamos a ficar em paz com a base, UFA. Precisamos de vocês.

Partimos emocionados para Sampa, mmm alguma coisa já acontecia nos nossos corações. Quando o ônibus chegou ao centro de São Paulo a metade da equipe estava eufórica, chegavam em casa. Ficamos hospedados em um apart hotel de excelente qualidade, chegando no quarto já dava pra começar a sentir São Paulo. Ia descer pra jantar de short e havaianas, senti vergonha, a minha carioquice estava em crise. Tento descer para o quarto de alguns colegas. Tentativa frustrada. Neste hotel tínhamos que usar o cartão do quarto para andar no elevador, este cartão só permitia o acesso à portaria, ao seu próprio andar e à piscina. Medida de segurança da grande capital. A mente já estava começando a embaralhar, não tinha saído completamente de Minas...

São Paulo foi disperso em relação à equipe toda, a Usp foi estranha, mas é tão engraçado como quando as pessoas estão em situação limite têm mais disponibilidade para as relações e até para a felicidade, não tínhamos nada a perder, eis o coletivo que menos trabalhava junto no Rio de Janeiro, o temido coletivo. Estamos quebrando a nossa cara e construindo outras cada vez melhor, talvez. Tá tudo cara a cara, cada um bota suas cartas e perde algumas para o coleguinha heheh.

Trancos e barrancos na Usp, porém fechamos São Paulo com um espetáculo de rua (em frente a Unip) que foi simplesmente lindo. Estávamos cara a cara um com o outro: ator, sonoplasta,narrador e platéia. Descobríamos nossa dimensão quadrúpede, hehehe. Eis um Mp4, disse a Ana em reunião. Montamos um pouco antes de entrar, uma narrativa que falava de amor. Não sabemos porque, saímos do tema saúde pra falar de saúde. Saúde cardíaca, nossos corações estavam a mil.

A grande capital aplaudiu, reclamou, hostilizou e confortou. Finalizamos a região Sudeste.

Não sei se sobreviveremos ao Brasil,
À tanta felicidade,
À tanta angústia,
Solidão,
Amizade,
Realização,
Frustração.
São muitos sentimentos por este Brasil afora.
Não sei se sobreviveremos ao Amor...

Fernanda Paixão

sábado, 30 de agosto de 2008

Roda na Rua!





28/08/2008
Às 8:30 saímos do Hotel e fomos para UNIP da Vergueiro, a barraca da Une foi montada do lado de fora, na calçada, pois não autorizaram montar no interior da faculdade, isso para o Tá na Rua foi uma maravilha, íamos fazer a nossa primeira intervenção fora da universidade, na rua!!!
Às 9:30 iniciamos dançando as músicas que estavam tocando na barraca da Une, eram um rock anos 60 e nos divertimos, logo estávamos juntos e o público foi se formando ao nosso redor, contamos. O Santini narrou que o Herculano tentava entrar naquela Universidade e não conseguia, pois era pobre de Diadema, feio, e não tinha oportunidade da vida, depois foi a vez do pimpolho tentar entrar, para ele seria mais difícil ainda pois além de pobre e feio era preto, os seguranças (eu e o Herculano) barramos a entrada dele!!
Dissemos que íamos fazer a reforma universitária, e espalhamos uns cones na porta da faculdade, sendo que os alunos para entrarem ou saírem do prédio tinham que dar a volta entre os cones, essa brincadeira rendeu um bocado. Por fim o Aldo narrou a piada do Coelho e foi a maior diversão, o público se divertia conosco fazendo os bichinhos drogados!!! O Pimpolho tem feito o leão com uma saia minha de filó que fica um espetáculo!!! Nos despedimos do pessoal e avisamos que à noite tinha mais, que aquilo era somente uma pilula!!!
Às 14:00 fomos para a Uninove da Vergueiro, estava combinado de fazermos um cortejo, para vocês terem uma idéia do prédio, tinha um momento na intervenção que o Aldo falava assim: É um hospital?! Não! É a sede da Unimed?! Não! É uma delegacia de polícia?! Não! É uma igreja evangélica?! Não! Então o que é?! E respondíamos: É a Uninove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um... e começamos a bater o tambor e cantar!!!
Quando entramos no prédio fomos separar o material, os seguranças que já tinham visto nós fazermos barulho na porta não tiveram dúvida, fizeram um cercadinho com aquelas fitas preta e amarela, delimitando o espaço da nossa intervenção, o Pimpolho ía falar com ele, mas o Aldo disse para deixar iria dar teatro, e deu!!! Ficamos todos dentro do cercados como bichos, e o Santini do lado de fora falava com os estudantes que estávamos presos, que éramos perigosos, para não se aproximarem... Um dos alunos me libertou e fomos saindo aos poucos e fizemos um cortejo do lado de fora da cerca cantando: Marcha soldado cabeça de papel se não marchar direito vai preso pro quartel...., cantamos também o hino à bandeira nacional: Salve, lindo pendão da esperança, Salve, símbolo augusto da paz!..., e depois ganhamos a parte de fora da universidade, os alunos nos observavam das janelas do prédio, e começaram a pedir para que tocássemos os instrumentos, começamos a brincar de fazer cortejo com as pessoas que estavam chegando na universidade, e os alunos do alto do prédio escolhiam quem (qualquer aluno que estivesse entrando na universidade) eles queriam que puxasse o cortejo, fizemos uns 5 cortejos...
Logo em seguida teve a apresentação do filme SOS Saúde do Michael Moore, eu fiquei para assistir, o auditório estava cheio, o filme fala sobre a saúde pública dos EUA comparada a outros países, basicamente o que se verifica é que nos EUA 250 milhões de pessoas possuem plano de saúde e 50 milhões não, as que não possuem estão completamente desassistidas, e as que possuem, muitas vezes tem seus exames, cirurgias, negados simplesmente porque os médicos que avaliam as solicitações são instruídos a negar a maior quantidade de pedidos, e ganham bônus para isso, o que é um absurdo. O Bush, assinou acho que em 2003 uma lei que garantiu um convênio entre a indústria farmacêutica e os planos de saúde, acordos bilionários estavam por trás desta lei, e muitos políticos do parlamento, assim que foi assinada a lei, o deixaram para se dedicar à indústria dos planos de saúde, por razões obvias.
Ainda, nos EUA, quando Hilary Clinton quis criar um Sistema Público de Saúde, foi massacrada pelos poderosos dos planos de saúde, que fizeram uma campanha agressiva e inescrupulosa contra o Sistema, dizendo que os médicos ganhariam pouco, o povo teria que enfrentar uma burocracia absurda para poder ser atendido e por fim que a medida era uma idéia socialista. Com isso até mesmo Hilary passou para o lado dos poderosos e tornou-se inclusive acionista de uma empresa de Plano de saúde.
Foram visitados países como a Inglaterra, Canadá e França, nos quais as pessoas tem assistência médica gratuita, os mais ricos concordam com o sistema, defendendo que a saúde deve ser para todos, e que não se importam de financiar através dos seus impostos a saúde dos que não podem pagar, vêem a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado.
O melhor do filme é quando o Michel Moore reuni doentes do 11 de setembro e vai para Cuba tentar atendimento para eles no hospital da prisão de Guantanamo (território americano em Cuba), obviamente não são recebidos, vão então para Havana, chegando no Hospital de lá são devidamente atendidos pelo médicos Cubanos, que fazem todos os exames e dão o diagnóstico para os doentes, o atendimento é totalmente gratuito. Ainda ao irem na farmácia comprar medicamentos, uma americana descobre que o medicamento que paga 120 dólares nos EUA, em Cuba custa 50 cents. Os americanos ficam emocionados com o tratamento que receberam e não entendem o porque nos EUA é diferente. O filme diz que o povo não reclama pois é dominado pelo terror, pelas dívidas e baixa estima.
Após a exibição do filme, abriu-se o debate, primeiramente uma representante do Ministério da Saúde e um representante da Une, fizeram suas considerações, uma professora salientou a importância da discussão sobre a saúde e o fato da Une estar ali na universidade, que os alunos tinham que aproveitar o máximo, formarem seus centros acadêmicos e continuar discutindo questões relevantes. Poucas pessoas se colocaram apesar do auditório estar cheio, me pergunto novamente: Como fazer as pessoas falarem?!! Acho que precisam fazer um estágio no TNR!!!
O melhor ainda estava por vir, às 18:30 retornamos para Unip, nos reunimos e combinamos o que seria a última intervenção em São Paulo e também no Sudeste. Em meio aos prédios, ao trânsito e a poluição, decidimos falar de amor, e nossa gira começou com uma grande roda na calçada da rua Vergueiro...
Após dançarmos, o Aldo apresentou o TNR e o tema que iríamos tratar: O Amor, a Fernanda foi apresentada como uma Professora Doutora da Unip especialista em Amor, ela narrou um dos textos que extraído do Globo sobre os benefícios do amor, enquanto ela narrava eu e o Aldo íamos fazendo as imagens, em seguida ela concluiu dizendo como sofre o homem apaixonado, e apresentou o Ébrio. O Herculano fez o ébrio, foi muito bom, nunca o vi tão calmo. O Aldo seguiu a narração dizendo que algumas mulheres fazem os homens sofrer sim, mas outras são um exemplo de esposa, e para mostrar ao público fiz a primeira portuguesa com o Herculano e o Santini, continuei a narrativa dizendo que era uma ótima esposa, que amava meu marido mesmo ele sendo pobre, mas que um dia poderia me cansar, e então, iria atrás de um homem rico dos Jardins ou do Morumbi, igual a uma colega minha, e então chamei a Fernanda para contar a história da 2ª Portuguesa. Em seguida o Santini continuou a narrativa apresentando o playboy que usa e compra mulheres, e então eu e o Aldo fizemos o Abre suas pernas.
Esse momento foi quente, logo no início uma senhora da platéia entrou em cena e disse para eu dar logo para o personagem do Aldo, não entendi direito o que ela queria, ela permaneceu na roda, vi que na sua camiseta estava escrito alguma coisa de igreja, e comecei a sacar que desejava era acabar com aquela “pornografia”. Eu abri espaço para ela jogar com o Aldo, e ele foi com o pirocão para cima dela, ela não aguentou o tranco e foi para a barraca onde estava o som (acho que para tentar desligar), a essa altura a roda estava muito cheia, o Pimpolho falou com ela que não ia parar e então ela foi embora, neste momento eu voltei e continue a cena com o Aldo.
Na música, na hora que a mulher se rende ao dinheiro do homem, eu tirei a saia e a blusa, e o público não acreditou, depois da cena, a representante do Ministério da Saúde vaio falar comigo que era muita coragem, porque em São Paulo além das pessoas serem conservadoras, ninguém fica assim na rua. O número foi muito aplaudido, o público foi o maior que tivemos, e o mais interessante que por ser na rua, era muito diversificado, não só formado por estudantes. Para finalizar tocamos o Carinhoso, agradecemos São Paulo, montamos nossa trouxa, e saímos todos felizes!!!!
A cada dia que passa esse coletivo se conhece mais e apesar de grandes divergências, estamos encontrando caminhos e desejos que nos unam, e isso nos dá força para em nome do trabalho, do Tá na Rua e de cada um particularmente, continuarmos e nos afinarmos. A falta e a saudade dos companheiros que estão o Rio é muita, gostaria muito de viver essa experiência juntamente com todos, acho que a distância nos faz dar mais valor as coisas, e eu valorizo cada um dos meus companheiros do Tá na Rua, procuro enxergar as qualidades de cada um, e certamente o trabalho que estou fazendo aqui tem um pedacinho de cada um de vocês, de coisas que aprendi com vocês, espero que o trabalho por ai esteja fluindo como aqui, estamos juntos!!!

Ana Cândida

O que é a UNE?

Sobre nossas cabeças no pátio da FFLECH na USP, havia um cartaz que respondia:

a) Um circo à favor do governo?
b) Uma fábrica de carteirinhas de estudante?
c) Uma instituição que freia o avanço das questões?
d) Todas as anteriores.
Assinado: Nada será com antes*
(*não me lembro exatamente as palavras mas eram neste sentido)

Acredito realmente que talvez a resposta certa seja a letra d, pelo menos era isso que eu pensava até entrar em contato com algumas cabeças pensantes e atuantes da Instituição. Quando fiz universidade há oito anos, a única coisa que sabia da UNE, além de sua trajetória histórica de forte atuação nos anos da ditadura, era que havia se tornado uma entidade com fins estritamente políticos partidários, sem representatividade, não contemplava os desejos dos estudante como um todo, mas somente os de uma minoria que seguissem os seus interesses políticos. Sabia também é claro, que a UNE fazia as carteirinhas de estudante, da qual me beneficiei os 5 anos de faculdade.
Quando terminei a universidade, e passei a exercer meu ofício com advogada e atriz, atualmente só como atriz, passei a me relacionar mais com o meu país, o teatro de rua me possibilita isso todo dia, no Tá na Rua, montamos um espetáculo que chama Dar não Dói o que Dói é Resistir, ou em Paz com a Ditadura, no qual contamos os 40 anos de resistência cultural à partir do Golpe de 64. Foi no estudo aprofundado da criação deste espetáculo, que pude compreender melhor o esfacelamento das organizações culturais, políticas, sociais e estudantis, principalmente de esquerda. A Ditadura acabou com qualquer possibilidade de organização coletiva pensante que fosse contra seus princípios. E as consequências foram o afastamento dos prédios universitários dos grandes centros (os alunos devem estar isolados, longe dos acontecimentos da cidade). O ensino foi fragmentado em matérias, hoje você passa 5 anos dentro da universidade sem formar um coletivo, cada um faz uma matéria em um horário diferente, as grades são montadas individualmente. Além disso, verificamos que o aluno está na universidade preocupado em se formar, arrumar o seu emprego, e ganhar o seu dinheiro (de preferência muito). Mas este não é um problema exclusivo dos universitários, esta é uma questão da sociedade que vivemos, e daí a dificuldade de modificação da sua estrutura.
Não vemos uma preocupação com o coletivo, é a política do “farinha pouca meu pirão primeiro” e o que eu obtive não divido, ninguém abre mão dos direitos adquiridos. E aí, como termos um país melhor e menos desigual socialmente?!
Muitos debates estavam totalmente esvaziados, por que?? Como fazer com que o jovem se interesse pelas questões que não tenham haver só com o seu umbigo, como fazer ele entender que as discussões das questões coletivas são importantes para ele também. Não existe salvação individual!!!
O Tá na Rua participa da abertura da maioria dos debates, entramos nos auditórios fazendo barulho, preenchendo o espaço, e na mesa simulamos personagens que discutem o tema que será objeto do debate, isso faz com que seja descaracterizada a relação estabelecida nos auditórios convencionais, e, quando acolhida pelos debatedores oficiais, o bate papo fica mais informal e direto e participativo. Com relação ainda aos espaços dos debates, nos questionamos, como atrair as pessoas para dentro de um “buraco” escuro (como são na maioria das vezes) para discutir coisas que a princípio não são de seu interesse. Na PUC-MG os dois debates foram realizados sob a lona de um Circo e na USP o debate que seria em um auditório isolado, foi transferido para o pátio da FFLECH, penso que estes são avanços importantes, são tentativas de fazer o universitário ir ao debate, vejo o esforço da Une neste sentido, estão buscando alternativas...
Nas palestras/debates que pude assistir desde o começo da Caravana, fiquei sabendo de dados importantes, tais como, as grades curriculares formam os alunos para atuarem/prestarem serviços privados e não públicos, o estudante de medicina passa 7 anos no ensino público pago pelo Estado (por nós) e depois ele vai abrir o seu consultório e cobrar um valor que o povo não pode pagar. Como isso deve funcionar? É certo não haver uma formação também voltada para a saúde pública? O que pode e deve ser devolvido para a sociedade?!
As universidades privadas vendem ações, visando o lucro, cortam as verbas, os salários dos professores e reduzem os quadros de funcionários. Investimentos em pesquisas nem pensar, incentivar os alunos a formarem coletivos (Diretórios acadêmicos) pensantes e questionadores, aí então é mais difícil, a especulação financeira é o objetivo principal, e o estudante passa a ser um consumidor da educação, que vale frisar é garantida como um direito pela Constituição Federal. Importante salientar que existem forças econômicas querendo que a Educação deixe de ser um direito e torne-se um serviço, o que colocaria em risco a educação pública!!!
Até quando, vamos deixar esses pensamentos avançarem...como despertar os jovens para as discussões das questões universitárias, da saúde, da educação e da cultura do nosso país e do mundo, a força jovem é fundamental para ocorrer transformações... Como fazer com que voltemos a ter utopias, um certo dia ouvia a Luiza Erundina no programa do Serginho Groisman e ela dizia que quando era nova, os jovens queriam ser protagonistas da história, isso mexeu muito comigo, que acomodação eu vivo, como eu saio disso e vou para o mundo discutir as questões que me façam viver plenamente, qual o meu compromisso com o mundo?!
Consigo realizar/por pra fora parte dos meus desejos nas celebrações/intervenções que faço na rua com o grupo Tá na Rua, entro em contato com o povo, (no conceito mais amplo de povo – do mendigo ao empresário) e ali vivo suas alegrias, tristezas, dificuldades, anseios, vejo nos seus olhos que estão vivos e tudo que querem/precisam, assim como eu, é uma vida plena de liberdade e poesia, acho que o Tá na Rua, através da linguagem desenvolvida pelo mestre Amir Haddad, consegue proporcionar momentos de utopia para aqueles que se deixam tocar pela magia do teatro, do circo, da celebração coletiva.
A transformação deve ocorrer de dentro para fora, de baixo para cima, e, para tocar uma pessoa, fazer com que a informação torne-se conhecimento e que ela possa refletir sobre o que apreende e devolver isso para o mundo, entendemos que o conteúdo deve chegar pelo afeto, pelo coração, e não pela cabeça, só assim, somos realmente tocados e podemos nos colocar em movimento.
Aí entendo o porque da Cultura (Artes Plásticas, Circo e Teatro) participar de uma Caravana da UNE. Num momento em que esta entidade propõe uma transformação, abre-se para o diálogo, deseja voltar a ter sua representatividade histórica, a questão que se coloca é: como chegar nos universitários, na verdade não é um trabalho fácil, como já mencionado, trata-se de uma modificação no sistema que vivemos, mas de alguma forma temos que fazer, temos que agir, se pensarmos no inimigo fica difícil enfrentar, o Tá na Rua não pensa em lutar contra um inimigo (até porque são tantos que se formos pensar gera impotência) mas sim em trabalhar à favor de alguma coisa, e certamente somos a favor da discussão, de colocar as coisas em movimento e revelar possibilidades. O Tá na Rua nunca foi filiado a nenhum partido e nem será, queremos discutir um país melhor, já que amamos o Brasil.
Achamos muito importante que para o processo democrático haja debates, discussões, que o homem coloque os seus conteúdos para fora e participe da vida pública do país, que tenha real liberdade para se expressar. E é por isso, que quando a proposta de viajar o Brasil dentro das universidades se apresentou, após nos questionarmos, achamos que seria interessante ter um contato maior com os jovens, aprender com eles e vivenciar suas questões.
A Caravana da UNE partiu levando discussões de temas de grande interesse da juventude (Lei Seca, Aborto, Drogas, Saúde, Educação, Reforma Universitária e Cultura), os debates que tiveram quórum foram realmente muito proveitosos. Também acompanha a Caravana serviços de saúde como vacinação, doação de sangue e medula e teste de HIV. Mas sobretudo gostaria de salientar que a Caravana da UNE optou por trazer na sua bagagem os artistas, que além da alegria e do colorido, trazem questões. Até agora nas intervenções que fizemos, geramos algumas polêmicas, alguns gostaram outros não, mas o mais importante é que colocamos as coisas e as cabeças em movimento através do afeto. E assim, no melhor sentido da palavra CIRCO, posso dizer que para mim seria maravilhoso se a UNE fosse um pouco de CIRCO também, não podemos ser cabeça o tempo todo, burocratas, temos que nos entregar as paixões, temos que ser um pouco palhaços, rirmos de nós mesmos, saber cair, levantar e replaquear as coisas, a vida segue e é maravilhosa.
Nos encontros de abertura da Caravana, afirmei que o Tá na Rua não levantaria bandeira alguma, que nosso objetivo seria levantar discussões, quer fossem à favor ou contra os posicionamentos atuais da Une, quanto a essa colocação, a diretoria da Une afirmou que era justamente o que eles queriam, levantar debates, e é por isso que os temas são justamente as questões mais importantes para os jovens, portanto a opinião deles é fundamental. Algumas posições que a Une declaradamente adota, eu inclusive não tenho opinião formada, e me pareceu que eles estão abertos à discussão, é fato que alguns posicionamentos são afins ao governo outros nem tanto, mas entendo que a Une deve ser à favor de um país melhor independente de governo.
A carteirinha de estudante, meia entrada, acho imprescindível que continue existindo, pois os preços dos ingressos para acesso à cultura são absurdos, a cultura é tratada como mercadoria, da qual poucos tem acesso, entendo que deveria ser garantido a qualquer cidadão o acesso à cultura.
Com relação a frear os debates e ações, não me parece que seja bem assim, os debates propostos nesta Caravana estão abertos para todos darem sua opinião e não é o que se vê, a maioria das organizações que são contra a Une, simplesmente se recusam a dialogar, o que é uma hipocrisia, pois se pretendem que nada seja como antes, a atitude de mudança deve começar pelo estabelecimento de um diálogo sincero, não é possível que organizações que se dizem progressistas, não consigam conversar!!!
Em algumas universidades o diálogo com o Centro Acadêmico não aconteceu pois me foi dito que os interesses políticos são diversos, engraçado é que na maioria dos casos são todos de esquerda, mas cada um quer o seu: “O meu projeto é o melhor e por isso eu não entro em contato com o seu”, isso é péssimo e a consequência é termos no Brasil uma esquerda esfacelada. Os desejos se formos observar são muito parecido, mas por conta de não abrirmos mãos das nossas pequenezas para realização de uma luta por um objetivo maior, acabamos sempre perdendo as batalhas, o poder econômico do país, as direitas neoliberais se aproveitam da nossa fragilidade para tomar cada vez mais espaço.
Quando vamos conseguir deixar de lado esses pequenas diferenças, os exemplos históricos mostram que as grandes modificações na humanidade ocorreram quando se teve um objetivo maior. É importante que hajam diferenças, mas no momento caótico que vivemos, tenho a convicção que precisamos unir forças. E é isso que me parece querer esta gestão da UNE, e por isso creio que o Tá na Rua segue nesta Caravana, certamente este é o meu motivo, e por ser sempre muito otimista espero que nesta trajetória as minhas impressões se confirmem, é certo que estamos suscetíveis a erros, mas creio que vale a pena arriscar!!!!

Para finalizar digo ao subscritor da questão em epígrafe: Somente quando nos unirmos de fato é que descobriremos as melhores alternativas para responder o que é a UNE e então “Nada será como antes”...

27/08/2008 Ana Cândida

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Essa obra não foi o Maluf quem fez!

São Paulo, Rua Vergueiro , 09 da manhã, na frente da Unip, faculdade particular paulista, arranha-céu envidraçado com cara de shopping, edifício comercial, igreja evengélica, qualquer coisa menos uma universidade! Quando as portas automáticas abriam, dava pra ver as catracas - roletas que separam quem entra e quem não entra na universidade, praticamente um vestibular eletrônico.

O Tá Na Rua começa a bater o tambor na calçada em frente ao prédio, puxo um samba paulista, a Saudosa Maloca, o os matogrossos e jocas já se manifestaram na roda. Começou a juntar gente, de repente colocamos uns cones de trânsito na frente da porta, herculano e pimpolho de chapéu de operário começaram a "trabalhar" e a movimentar uma construção...estava inaugurada a "Reforma Universitária', uma versão do Tá Na Rua para uma obra que não foi o Maluf quem fez! E porque eles estavãm trabalhando na frente da universidade, causando aquele transtorno na vida dos alunos? Ora, porque são pobres, e pobre não passa na roleta da universidade! E o outro que além de pobre é preto? Alguém da platéia gritou: "Entra na política de cotas!", um outro disse: "Tem gente que nasce pra se fuder mesmo"!

Depois o Aldo narrou a piada do coelhinho que toma ecstasy, um número que já é sucesso, e que hoje foi especialmente bem-feito.

O Tá Na Rua abriu uma roda quente na manhã fria de São Paulo!

Alexandre Santini

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Minha Estréia no Blog

Notícias a bordo do ônibus...

Os cães ladram e a caravana não pára, o movimento é frenético...do rio ao espirito santo passando por minas gerais e agora são paulo, mal deu tempo pra galera respirar, já é uma longa viagem e no entanto faltam "só" 23 estados, rsrsrs...

A chegada na terra capixaba foi momento de descanso, o primeiro final de semana livre depois da correria que foi a saída do rio. Ainda assim tiramos a manhã de sábado para conhecermos o projeto "congo na escola", do ponto de cultura manguerê, coordenado pela Alcione Dias, amiga do tá na rua e do Amir de longa data. Foi lindo ver mais de 50 crianças tocando tambor de congo, aprendendo com os mestres da congada nos explicando tudo sobre o projeto. Depois uma roda de conversa em volta de uma cerveja gelada com muqueca de siri, chico registrando um belo depoimento de alcione sobre o Amir, as histórias de Anchieta, etc. Segunda feira no batente, apresentações na UFES e na UVV, Vitória e Vila Velha no mesmo dia sem tirar de dentro. Depois BH (ufmg e puc), e agora sampa. na usp e corredor da Vergueiro (UNIP, UNINOVE e FMU)

Nós fazemos geralmente três intervenções por dia, cada uma com uma característica: A primeira geralmente é um cortejo que invade a universidade e caminha até o espaço (geralmente um auditório) onde a mesa já está posta para o debate. Desde o primeiro dia na ufrj, a partir de uma intervenção que o miguel a mery e o aldo fizeram lá, inauguramos uma nova modalidade cênica intitulada "tá na rua em debate": a gente chega no cortejo e ocupa a mesa como se os debatedores fossêmos nós, e conduzimos um debate surreal, teatro do absurdo total, mas geralmente vinculado ao tema da mesa: no debate de drogas, o coronel do bope Alvaro Derrota debate com o plantador de maconha pimpolho das candongas, que termina o debate preso pelo coronel acusado de apologia às drogas. Teve debate que foi briga e reconciliação de casal em público, e no de hoje, na centenária faculdade de medicina da usp, colocamos o Dr. Derrota phD frente a frente com um personagem paciente que nos acompanha nesta caravana pq não conseguiu ser atendido no posto de saúde de caxias...

No meio do dia circulamos pelas filas dos bandejões, lanchonetes, refeitórios...geralmente a fila é o espaço privilegiado para este tipo de atuação rápida, aí rolam as cenas curtas, as piadas infames sobre plano de aúde, enfermeiras, exames de próstata, etc.

No fim do dia é que fazemos a aprensentação mais completa, mais "nossa", com som mecânico e abrindo roda, que é onde rola um pouco mais de oficina, brincadeiras com músicas, onde a gente aquece com apresentação de atores, e estamos começando a inserir algumas narrativas maiores e músicas, já fizemos o "ébrio", o número da portuguesa safadista, e o jogral de nossa senhora, com a participação dos circenses que nos acompanham, um belo e poético momento que aconteceu no teatro de arena da PUC-MG, uma das melhores apresentações que rolaram até agora.

E às vezes a gente tira até leite de pedra: Fomos fazer uma brincadeira na fila da campanha de vacinação da rubéola, e fomos claramente hostilizados pelos agentes de saúde que estavam trabalhando ali. Fomos então pra entrada do corredor e colocamos o herculano morto com um pano preto e a bandeira do Brasil por cima, numa imagem silenciosa que causou um puta impacto, o grupo todo velando mais um paciente que morre na fila do atendimento de saúde no brasil...

Isso são pilulas, imagens, fragmentos de minha memória numa breve repassada. Está tudo sendo muito bem filmado, fotografado e sistematizado pelo chico, por nós e pela equipe de documentaristas que acompanha a caravana. No mais o moral da tropa está elevado e o clima é harmônico, vamos administrando os problemas, as saudades e as distâncias, com a certeza de que o que estamos fazendo aqui é um importante capítulo da história do instituto Tá Na Rua, memórias do futuro...

De minha parte, estou tb muito envolvido nas articulações do fórum nacional dos pontos de cultura, fazendo reuniões nos dias livres em todos os estados com representanttes do minc e dos pontos de cultura, contribuindo para a mobilização e articulação deste movimento cultural. Aliás, hoje estamos recebendo aqui na usp jorge mautner e nelson jacobina. que serão nossos parceiros em algumas jornadas da caravana...

Aqui se encerra minha estréia neste blog, sigo na caminhada e continuarei postando por aqui, abraço a tod@s, Santini

USP






26/08/2008

Às 8:00 horas saímos do hotel e fomos para a USP, no Campus da Pinheiros, onde está a faculdade de Medicina. Lá ocorreria o debate de Saúde Pública e faríamos um cortejo e uma roda. Estávamos receosos com a recepção, afinal, sabíamos que a Medicina Pinheiros é a universidade mais difícil de entrar, ou seja, os alunos são a nata da sociedade burguesa paulista.
Além do mais é um prédio de medicina colado no Hospital das Clínicas (considerado o maior hospital público da América Latina). Logo que chegamos fomos espalhando nossas coisas coloridas na porta da Universidade e fomos nos preparando, as pessoas que estavam chegando olhavam curiosas, logo iríamos para o porão da faculdade (local onde fica o salão de jogos), este foi o espaço que reservaram para nós!!!Ficamos ali aguardando dar o horário do intervalo, e neste meio tempo alguns alunos vinha perguntar o que íamos fazer, outros passavam sorrindo, o gelo foi se quebrando naquele edifício frio...
Não foram muitos os alunos que desceram para o intervalo, a cantina era o local que estava mais cheio, fizemos um cortejo no corredor e ganhamos o vazio pátio da faculdade, as pessoas nos observavam da janela. Entramos novamente para o prédio, os professores e alunos que cruzavam conosco na maior parte sorriam e até cantavam conosco. Chegando na cantina nosso cortejo fez uma pausa e abrimos uma roda. Apresentamos primeiro o Aldo como o Dr. Derrotta, psico proctologista, formado na Alemanha.
Mas e história que rendeu foi a apresentação do Herculano como um cidadão doente que necessitava de cuidados médico e por saber da excelência médica do Hospital das Clínicas tinha viajado de Caxias para lá. Ele estava passando muito mal e necessitava de cuidados médico, precisava que alguém lhe aplicasse uma injeção, fui apresentada como enfermeira mas disse que não sabia fazer isso, então precisava de um médico, prontamente um dos universitários candidatou-se, pedimos uma música para vesti-lo e ele entrou na brincadeira e disse que iria colocar seu jaleco, abriu a mochila e vestiu-se, e começou a ordenar para a enfermeira (eu) os procedimentos para que pudesse dar a injeção: Primeiro posicione o doente! Abaixe suas calças! (deixei o Herculano de cueca) Agora enfermeira faça a acepção no local que será dada a injeção! (Com um pano branco servindo de algodão desinfetei a bunda do Herculano), aí o Doutor se posicionou e rufados os tambores ele deu uma caprichada injeção no paciente, que curado declarou amor ao Doutor. Agradecemos a participação do aluno, convocamos para o debate e saímos em cortejo para o auditório. Lá o Santini mediou um debate entre o Doutor Derrotta e o paciente Herculano do Nordeste, no qual o Dr. Derrota escrotizava o paciente por ser pobre e não poder pagar o plano de saúde, dizendo que em seu consultório jamais o atenderia, disse para que ele procurasse um pai de Santo (nesse momento o Pimpolho entrou e fez o pai de Santo), o Herculano só queria saber se para ser atendido pelo pai de Santo também teria que pagar e pegar fila!!! Foi muito divertido...
Do Campus Pinheiros seguimos para o Campus Butantã – Cidade Universitária, lá fizemos uma intervenção no Bandejão, apresentamos o que se denominou “A Trilogia: Inferno, Céu e Terra”...O Pimpolho iniciou narrando o Inferno Nacional, adaptamos o conto dizendo que o sujeito que abotoou o paletó em vida foi do PP – Partido do Picaretas - amigo de Paulo Maluf (a cena feita pelo Aldo Picareta e Herculano Maluf foi muito engraçada), o picareta, visitou os departamentos dos EUA, da China e diversos outros e quando chegou a vez do Brasil, aproveitamos a imensa fila do Bandejão para fazer este departamento, foi muito bacana...Em sequência o Pimpolho narrou a piada que se passava no Céu, na qual Jesus pediu para seus apóstolos descerem para a Terra e trazerem todas as substâncias entorpecentes, assim foi feito, mas Judas trouxe a polícia e acabou com a festa!! Por fim a narrativa teve sequência com o Aldo, que contou uma história que se passou na Terra, antes da existência do homem, no mundo animal, foi a piada do coelho que coloca os bichos para correr sempre que toma ecstasy...
O nosso público foi itinerante, cada um assistia apenas um pedaço do espetáculo, tendo em vista que montamos a roda entre as duas filas do bandejão, era engraçado que as pessoas ficavam olhando e perdiam o andar da fila, mesmo não acompanhando tudo eles se divertiam muito, acho que é aquele negócio de que o todo está contido em cada momento, assim quem vê um pouquinho entende tudo. Algumas pessoas declaradamente abandonaram a fila e assistiram a “Trilogia” toda!!!
Às 18:30 abrimos uma roda na FFLECH, na entrada do prédio de Letras, chegamos em Cortejo, e quando subíamos a escada de acesso ao prédio o Pimpolho foi narrando de brincadeira a dificuldade do Herculano de subir chegar à Universidade, quando abrimos a roda eu fui narrar a trajetória de um aluno até obter o diploma do 2º grau, o Herculano fez o estudante, no ciclo básico ele não conseguia pintar igual a professora (a Fernanda fez todas as professoras) e por isso ficava sempre de castigo, mas ele foi passando de ano e chegou no ensino fundamental onde as notas vermelhas (cambonei com um pano vermelho) o perseguiam, mas ele continuava passando de ano, no 2º grau, ele só tirava zero, o zero o perseguia (Fernanda corria atrás dele com o bambolê), mas mesmo assim, sem estudar nada ele tinha conseguido concluir os estudos e pegar o diploma e por que? Como ele conseguiu essa façanha? Um aluno respondeu que era pelo percentual... E então a narração prosseguiu: Ele conseguiu chegar ao diploma graças a aprovação automática!!! E agora, vocês estão o vendo, e diante de seus olhos ele tenta entrar na universidade de letras da USP há dez anos e não consegue!!! Vocês, futuros educadores do nosso país precisam fazer alguma coisa para que esse homem entre na universidade... e cantamos: “Se essa porra não virar ole ole olá, eu chego lá!” Nos despedimos pois ainda havia mais uma intervenção para fazer, os alunos pediram para fazermos mais uma, mas o tempo estava estourado, nós os convidamos para nos assistir no prédio de história e geografia.
Acabou que não houve a intervenção final, quando chegamos no local, o Jorge Mautner estava passando o som, além do que, tínhamos que jantar pois o restaurante iria fechar...
Ficamos cansados mas felizes, tudo é muito proveitoso, a cada dia as coisas vão fluindo melhor, a cada conversa que temos após as intervenções vemos o que podemos melhorar, o que erramos, o que não está legal, onde estamos forçando a barra, como podemos ajudar o narrador...está sendo um aprendizado incalculável, estamos tentando colocar em prática todos os ensinamentos que aprendemos no Tá na Rua com o mestre Amir Haddad, bem como as experiências pessoais de cada um à favor do coletivo, indivíduos fortes coletivo forte, coletivo forte indivíduos fortes!!! E a Caravana segue...
Ana Cândida

Duas Faxineiras...


22/08/2008
A ida ontem no Galpão nos deixou mais felizes e o dia de hoje, a contar do que observamos na PUC no dia anterior, seria bem bacana.
Depois das dificuldades na UFMG, esperava que na PUC-MG as coisas fossem melhores e de fato foram!!!!
Às 8:40 fizemos uma intervenção na cantina do prédio Rainha da Sucata, abrimos com a apresentação do Herculano como uma pessoa doente que precisava de assistência médica, e por fim para que se salva-se necessitava que alguém lhe aplicasse uma injeção, como nós não sabíamos fazer isso e haviam muitos alunos de enfermagem no local, acabou que um dos alunos se propôs a acabar com o sofrimento do nosso companheiro, então, com a mega injeção bem aplicada na bunda, o nosso amigo Herculano foi salvo!!!! Após, exibimos o pirocão e fizemos uma enquete para saber o que era aquilo, diversos palpites (palito de fósforo, foguete, míssil, bala de revólver, um dedo coma unha pintada, batom, ob usado, etc), para elucidar a questão eu contei a piada do plano de saúde, dois alunos entraram para fazer os doentes, e uma aluna entrou para fazer a enfermeira gostosa, fato é que corria tudo bem, quando disse que a enfermeira fazia o boquete no paciente 2, a aluno fez a cena muito bem, mas uns três alunos começaram a gritar que aquilo era ruim, como se fosse imoral, pedimos para que ela repetisse a cena, e os três alunos gritavam mais ainda.
Na hora não soubemos lidar direito com aquilo, depois conversando, achamos que o fato de fazer a aluna repetir a cena foi muita exposição e a deixou pouco à vontade, assim entendemos que é melhor que uma de nós façamos a enfermeira, isso vai permitir que brinquemos mais além de dar distância para o melhor desenrolar da história. De qualquer forma, só na prática é que podemos constatar isso, e avaliando é que podemos melhorar, cada público se manifesta de forma diferente e acho que o mais importante foi que levantamos discussão e fizemos com que as pessoas se manifestassem.
Saímos em cortejo da lanchonete e antes de encerrar, resolvemos fazer uma parada na fila da vacinação de rubéola, o que tinha sido super bem vindo na Estácio – RJ, foi mal recebido pelas enfermeiras, que não queriam que fizéssemos barulho e não entediam o que queríamos. Na fila novamente dizíamos que o Herculano estava muito doente e precisava de ajuda médica, as enfermeiras obviamente se negavam a tocar no Herculano, pedimos para darem a vacina, e alegaram que ele estava sujo, foi uma sensação de mal estar, e então já que ninguém queria atendê-lo (ele já estava estrebuchando no chão), acontece o fim trágico, o personagem morre por falta de atendimento médico, colocamos um pano preto sobre o cadáver e saímos fazendo um cortejo fúnebre, andamos uns 40 metros e paramos para velar o morto, colocamos a bandeira do Brasil sobre o cadáver e o Santini fez um discurso sobre a situação da saúde no país. As enfermeiras e as pessoas que estavam na fila tomando vacina olhavam aquilo sem entender, ou melhor, entendendo tudo, foi um momento muito bacana, acho que é por aí o caminho...
Ao meio dia fizemos um grande cortejo pelo triangulo das cantinas, formado por 4 cantinas.
À noite combinamos de fazer um espetáculo com a estrutura de som, que até então não tínhamos usado. A van atrasou muito para sair do Hotel, e quando chegamos na PUC (19 horas) já havia passado nosso horário para apresentação. Ainda tinha na programação debate, apresentação das Meninas de Sinhá e do cantor Maurício Tizunga.
Mas nós tínhamos que fazer, no almoço tivemos uma discussão acalorada e precisávamos resolver aquilo no teatro. Nos deram 40 minutos e lá fomos...
Fizemos a apresentação na arena de um circo, brincamos com algumas músicas e depois fomos para a apresentação de atores, da qual surgiram alguns números, o Aldo foi apresentado como um bêbado e para entender como ele chegou naquele estado fizemos o Ébrio (Vicente Celestino), depois fui apresentada como uma mulher que viajou o mundo fazendo teatro até que chegou em Portugal e apaixonou-se pelo Fado, fizemos então a Portuguesa.
Ambientados na PUC, resolvemos fechar com o Jogral de Nossa Senhora, pela manhã jogamos com o profano e à noite fechamos com o sagrado, foi muito divertido, o público aplaudiu muito, neste momento a arena já estava bem cheia, o público foi se chegando no decorrer do espetáculo... finalizado o espetáculo iniciou-se com casa cheia, o debate sobre educação, cultura e saúde, acho que foi um dos melhores...
Em seguida ao debate teve a apresentação das Meninas de Sinhá, e foi aí que vi a cena mais linda do dia, as senhoras, todas com cerca de 60 a 70 anos, tocando e cantando músicas que contavam histórias do povo africano, os estudantes aos poucos foram tomando todo espaço da arena do circo e, dançando, fizeram uma grande roda, neste momento observei duas faxineiras da PUC, que haviam chegado no local atraídas pela música, dançavam muito, uma delas (amiga 1) parecia estar muito preocupada em ser flagrada por um superior e queria convencer a outra (amiga 2) a ir embora, mas mesmo querendo ir você notava que ela queria ficar. A amiga 2 não queria nem saber, queria era dançar. Quando parecia que a amiga 1 convenceria a amiga 2 a ir embora, esta pegou na mão de um dos universitários e caiu pra dentro da roda, a amiga 1 ficou temerosa e procurava a outra para irem embora. Ocorre que quando a amiga 1 localizou a 2 uma universitária pegou-lhe também pelas mãos, e assim, as duas faxineiras estavam na roda, era tão bonito ver como elas se divertiam, que magia e força tem a música...aquele prazer durou poucos minutos, pois logo tiveram que voltar a seus afazeres, mas certamente elas saíram de lá melhores do que entraram...só a cultura salva!!!...
Ana Cândida

Encontro o Teatro e a Rua - Galpão - MG






Neste dia 21/08, era um dia de pré-produção e estávamos mais livres, eu sabia que haveria um encontro de teatro de rua no Galpão, convidei o pessoal e lá fomos nós...engraçado que chegando lá de cara vimos o Harley, que trabalha com os Pavanelli, já estávamos em casa...Haviam alguns grupos de BH, o Miolo de SP, um grupo de Curitiba e o TNR devidamente representado por Aldo, Pimpolho, Chico, Fernanda, Herculano e eu, é claro!!!
Foi muito importante para nós estarmos presente no encontro, uma pena não poder acompanhar os espetáculos dos grupos que, iniciariam as apresentações no dia seguinte. Abaixo segue o relato do encontro, vale muito a pena ler, as opiniões dos convidados são muito interessantes e instigantes...mas antes de começar o relato, avisem para o Amir que o Chico Pelúcio mandou beijos para ele todos os dias do Itaú Cultural e neste encontro também!!!
Teatro de Rua – Galpão Cine Horto – BH – 21/08/08
Seminário “O teatro e a rua”
Provocações:
Criação e estética
Reprodutibilidade do pensamento hegemônico
Linguagem X Tecnologia X arquitetura urbana
Estética X Falta de dinheiro
Apresentação das pessoas
Mesa:
1) Cícero- Palhaço
Falar do teatro que eu faço, nasce do interior do sujeito e se configura como uma criação que vai dando seus primeiros passos e ganha o mundo sem termos muita noção do que seja.
Não sou tão romântico para dizer que faço só por amor, é meu ofício, vivo disso. Sou produtor, diretor e ator.
Fiquei pensando o que ia falar, pois não tenho muita experiência. Mas vou falar da minha própria experiência que é o que posso falar.
A idéia de criação que é a essência do nosso fazer artístico, seria a idéia de concepção, compromisso de gerar um filho, cultivo de bicho, tudo isso é criação. Um ato divino também é uma criação e obra já tem uma multiplicidade de conceito. Diversão ligada a criação, visão diferente, uma série de questões que temos que enfrentar na hora da criação. Transformar idéias em espetáculo, que deve contentar o espectador que é a pessoa fundamental do espetáculo.
A idéia de estética, fui ao dicionário, estética facial, ligada à cirurgia plástica, também percepção, sensação, estudo do belo e da natureza da arte, diferentes formas de arte e do trabalho artístico, relação entre matérias e formas, verificação do que pode também ser feio ou ridículo, aí eu me reconheci. Pensei em associar estética com linguagem, consigo identificar algumas estéticas e aspectos formais, entendo isso, mas me preocupa essa idéia de linguagem, pois a estética traz dentro do próprio conceito a ética. A ética não do conceito moral, mas a ética como conjunto de regrar que regem nossas funções, nosso grupo. Isso me motiva a pensar em ética, cm q a estética abarca isso. A idéia de compromisso está embutida na idéia de criação, o que faz de mim artista e o que tenho para dizer é a minha experiência é a minha ética.
Experiência do ir e fazer, me expor por meu feofó na roda, preciso confiar no outro.
Princípios norteadores: Relação com o público – empatia – ligada a figura do palhaço, quando boto o nariz não preciso fazer nada, o público já é generoso e me acolhe (o taxista não quer cobrar passagem, o outro quer me contar sua vida).
Transgressão é a gênese da obra de arte. Não é sair pisando em tudo, invadir lugar proibido. O poético está na experiência que cada um vivência.
Nossa montagem tem que ter uma mala pois eu mesmo levo. Sou ator, diretor e dramaturgo, quem cria, sou eu diante do público, ele me ajuda a escrever o espetáculo, depende de como ele devolve. Na rua foi difícil, estava tão exposto, e o fracasso no encontro com o público era sucessivo. Tive que desenvolver estratégias para não ficar tão exposto, criei pontos dramatúrgicos que percorro até chegar ao fim. O fenômeno artístico acontece na relação, no encontro, o teatro de rua que faço e acredito é da relação do encontro. Aprendo com o cara que vende bala na rodoviária, ele faz um teatro genuíno, é aplaudido espontaneamente, ele tem domínio de roda, cm ele constrói um texto, ele faz tudo q os teóricos falam.
Provocação: Teatro bonitinho, com cenários decorativos, funcionais e com piadas formais, previsíveis, que não tem surpresa, será que isso é demanda do patrocinador que é nosso censor muitas vezes?
A idéia de teatro como interface facilitadora de projetos de educação, do meio ambiente, saúde (ensinar criancinha a escovar dente) o teatro serve para isso? O teatro empresa, qual o valor disso?!

2) Renata – Miolo – SP
Não tenho formulação de conceitos do que é a prática de teatro de rua, vou fazer reflexões sobre a minha experiência no Miolo, que nasceu com essa vocação.
Quando começamos a fazer teatro de rua nosso primeiro impulso era fazer teatro popular, Moliere, Cordel, isso com certeza é popular. Montamos o Burguês Fidalgo com tudo que conhecíamos (inclusive nas nossas escolas), comédia dell’arte, máscaras, cordel, depois disso começamos a pensar, atuamos no centro velho de SP, as pessoas aplaudiam era legal, mas a cidade de SP, a arquitetura, as pessoas (executivo, menino que cheira cola), vimos que estávamos na superfície, não abarcava as profundidades da cidade, daquilo que víamos na rua. Começamos a discutir a questão da rua, da cidade, o que a gente queria revelar (piada, graça, roda grande?). Começamos a abrir mão de tudo, só ator, e montamos o Doente Imaginário, dava certo, tínhamos algumas fórmulas (esse aqui é SESC, aquele é prefeitura).
Depois de uma longa temporada fomos investigar a linguagem, olhar para a rua, o cheiro, as pessoas, a cor.
Trabalhamos com treinamento diário do ator.
Fizemos mais de 1000 apresentações do Doente Imaginário, foi um divisor de águas para o Miolo, o popular não era o tínhamos aprendido na escola, era outra coisa, estava muito mais ligar ao comportamento da cidade, de como o homem se organiza na sociedade, do que a uma tradição popular. Resolvemos radicalizar, pegar o olhar sobre a cidade e que fosse o nosso mote de vida, a rua revela tudo ela é criadora de sentido. A rua tem uma vida tão singular, serve para tudo, ela sintetiza o homem de hoje, é um dos poucos lugares onde as coletividades existem, estão pulsando, onde nos cruzamos. A rua revela como nós homens escolhemos viver. O transito é material para fazer arte, o que está por trás de vivermos em relações verticais, por que escolhemos viver assim? A rua te revela isso. A rua corto a veia dos artistas, começamos a conceber nossa linguagem a partir deste universo.
Largo da Memória , falava das ruas de SP, não vendia, mas sabíamos do risco, radicalizamos na questão espacial, saímos da roda, fizemos corredor, piramos,porque era isso que a cidade nos dizia, o publico gostava mas fracassou, não deu certo, mas nos foi muito especial, nos fez ir para a fronteira do ator, da cenografia, da dramaturgia, não queremos mais ficar no local conhecido, queremos estar na tentativa de um teatro que é arte, nunca vamos saber o limite, não sei mais quero ir, e a medida que você vai tem sempre mais fronteira.
A rua nos deu a possibilidade de não achar a linha da rua, é fluxo sempre, nada demarca, nada garante, o risco está sempre ali.
No grupo decidimos que temos que ter habilidades, aprender a subir em prédio, não sei se vamos fazer isso, mas queremos romper fronteiras...
Na rua não tem público domesticável, cada bêbado é um, o cachorro também, às vezes a gente não sabe o que fazer. O teatro de rua não é só lidar com bêbado, cachorro e mendigo, a rua muito nobre, é um espaço movente, me move como artista, me provoca a criar.
Não faço ciência nem política, faço estética que é arte. No grupo nos perguntamos como em 2008 em SP produzo poesia?
Como nos encontramos hoje, como produzimos um encontro estético nestas cidades que se comportam assim, com essa geração, meus alunos são muito rápidos, eu diálogo com ele, eu confronto?
3) Fernando Limoeiro
Eu vi teatro de circo e rua (manifestações – boi, cavalo marinho), não sabia que tinha teatro de palco, a celebração me chamava mais atenção, o brincante, ele estava ali para brincar, perdemos a comunhão a celebração. O teatro de rua precisa retomar a celebração. O ator tem que se preparar, as ruas são diferentes, precisamos estar atento a cada espaço.
Vi um espetáculo do Cariri, perguntei porque vocês fazem teatro de rua? Brigamos com o padre, perdemos o espaço da paróquia e só sobrou a rua, e o figurino foi feito com faixas da cidade. Sentido de levar a arte onde o povo está, de qualquer forma que seja feita é encontro e troca, coragem e risco.
Experimentar teatro popular, nos alimentar com o circo, aceitar as interferências. O que me fascina no brincante é a idéia de festa de celebração, ator é instrumento vertical.
Provocação: Não é só carnavalização, ver a pulsação do povo, sair da zona de conforto. Já que vai a rua faça um teatro que se comunique com a rua. O teatro que precisa de manual, nem quem faz mesmo entende.
O teatro de rua não tem a vocação de festa de celebração, o ator em si também não está brincando dê?! Sinto falta disso. Tudo que vi na minha infância foi circo e manifestações populares (bumba meu boi).
O artista popular não tem o purismo estético, pois quem vai ali vai se alimentar de outra coisa. O que me moveu fazer teatro: uma cena de mamulengo que batia em um cabo, quando terminou, um bêbado pagou 5 mil réis para o mamulengo repetir a cena e bater novamente no cabo, a obra serviu ao homem. O outro era cordel, o palhaço Zé Botoca, fazia o cordel e lia para os matutos. O analfabeto tem necessidade da arte como qualquer acadêmico.
Só posso escrever sobre o homem que conheço, por isso falo sobre o nordestino na metrópole.
Só acredito na dramaturgia em que o povo se vê.
Ser artista tem utilidade que transcende, meu compromisso com a arte, com a política, como ato de transformação que toda arte tem que ter, não podemos perder o ser brincante. O que me prende é a coragem e a generosidade, ele tem que ser inventivo, astucioso.
O que o artista popular de rua tem, quais suas influências?
O s pensares do teatro de rua me acrescentam, teatro não é para normal, somos inquietos, quando nos vemos juntos, dá uma força danada.
Falta muitas vezes a celebração e o contato real com a rua. O ator é um homem no espaço e ele tem que se relacionar com o espaço.
O artista de rua tem a liberdade, é um ser ousado.

Aberto o debate: (abaixo algumas anotações sobre questões apresentadas)
Linguagem que dialogo com o povo quando entro em contato com a rua, faço política também, revelo, tudo que souber e aprender na vida vai servir pra a minha arte.
Qual é o tempo de um espetáculo? O que determina é o que acontece entre mim artista e o público, é relativo ao encontro, fazemos uma escolha.
Experiência de rua é fundamental para qualquer ator, a gravidade do ator na rua é maior que o palco, o centro da terra suga, temos que lançar mão de energia, treinamento técnico e também pode contar com a arquitetura urbana, ao pensar a eficiência de uma comunicação.
Para a rua devemos ter uma linguagem direta e rápida, o tempo é mais rápido.
O que faz teatro de rua ser minoria? Ter um encontro para se falar só sobre teatro de rua? Ser específico?
Ou há comunhão ou não há, pois se não há, as pessoas vão embora.
O teatro de rua é a prova dos 9.
O Brasil não é quarto e sala com duas pessoas discutindo relação!!
O público de rua me interessa mas a rua não tem bilheteria! (Comentário de um ator de palco)
Que concessões tenho que fazer para ir para rua?
Quando você se deixa transformar pela rua, você vê que não é usando de linguagem fácil que você vai falar. Concessão é superfície, busco o encontro dos afetos. Não faço concessão, peço permissão para ir a um local onde não é o meu. (Cícero – Palhaço)
Artista popular pede licença para brincar. (Limoeiro)
Neste momento do debate entra um palhaço... e todo o discurso se presentifica e apresenta naquela figura...

Ana Cândida

PUC - Minas Gerais: um norte para a Caravana da Cidadania.








Quinta-feira, 21/08/08
Depois de uma manhã de descanso (o trabalho foi árduo na UFMG no dia anterior), nós do grupo Tá Na Rua saímos à tarde para reconhecer o espaço da próxima e última universidade que passaríamos em Belo Horizonte: Puc- Minas Gerais.

Subimos e descemos as ladeiras da cidade mineira e no ponto mais alto de nossa trajetória lá estava ela: Pontifícia Universidade Católica. Muros grandes e brancos cercavam a universidade. Entramos e nos deparamos com um jardim cheio de flocos de algodão pelo gramado, escadas, corredores longos, a arquitetura antiga. Uma tradição religiosa milenar cercava aquela instituição.

Os jardins vazios, o Tá Na Rua percorria o espaço sozinho, algumas pessoas passavam entre uma porta e outra. A tradição religiosa parecia que somente cercava a universidade, pois a arquitetura estava distante dos comportamentos. Espaço aberto, natureza, a cidade inteira diante de nossos olhos, uma vista impecável, não condizia com o vazio, a pressa.

A lembrança dos colégios de freira que estudei e conheci bem me veio à cabeça: aquele comportamento retido era uma orientação Católica Apostólica Romana. A tradição não só cercava, imperava na instituição. Sempre em prece, cobertas e andando sorrateiramente, as freiras dos colégios exalavam a religião e sua contradição. A PUC exalava a religião e sua contradição.

Atrás de tudo isso, da porta e do jardim principal, estava montada uma lona de circo. A tenda da Une percebeu que seu lugar era em frente àquela arena, então montou tudo e ligou o som ambiente que animava os meninos montando os equipamentos na Lona para os debates, shows e manifestações teatrais e circenses.

No dia seguinte faríamos uma intervenção no prédio da Saúde às 8:40 da manhã, um cortejo pelas cantinas ao meio-dia e à noite uma apresentação na Lona.

Depois de reconhecermos o nosso percurso, sentamos em uma cantina e conversamos com a Natália, integrante do Cuca- MG (Centro de Cultura e Arte da UNE), ela nos contou como estava a divulgação do evento, eis uma notável diferença entre as outras universidades: conversar com o responsável pela divulgação. Sentimos que as coisas estavam concretas, o discurso dela era pela Cultura, as manifestações artísticas eram o carro chefe de sue discurso. Ela deixava bem claro que era através da arte que iríamos discutir Política, Saúde, Educação e Cultura.

Não deu outra, a notícia do evento estava circulando bem na universidade e as pessoas à espera do dia 22/08/08.


Sexta-feira, 22/08/08

No sábado dia 23/08/08 o efeito de nossa intervenção cultural na PUC (22/08/08) já estava estampado no Jornal “O Estado de Minas” com uma foto excelente e um título que fazia jus ao nosso trabalho CARAVANA DA CIDADANIA, os mineiros noticiaram a Caravana e seu sentido, já em suas primeiras palavras:

'um grupo de teatro, duas jornalistas, oito diretores da União Nacional dos Estudantes (UNE), uma equipe de documentaristas, um grupo de pesquisadores e dois malabaristas. Antes de pensar em marchar em prol da educação e da saúde pública, a Caravana e seus tripulantes já transpiravam outro valor: a arte.'

Na nossa jornada em Vitória- ES, nós do grupo Tá Na Rua tivemos um experiência que nos fez começar a pensar na essência deste coletivo de trabalho (experiência essa narrada pela Ana logo abaixo), porém no último dia de MG eu desconfio que a Caravana começou a mostrar a sua essência.

O Rio de janeiro foi muito rápido, Vitória o Ponto de Cultura não compareceu e na PUC de Minas Gerais quem fechou a atividade são As Meninas de Sinhá e o fervoroso Maurício Tizumba.

A Cultura mineira saía pelos tambores batidos naquele terreiro Católico Apostólico “não se conhece as crateras que existem atrás do Belo Horizonte” falava Tizumba para o público de estudantes que pulavam e dançavam.

As Meninas de Sinhá com toda sua idade e experiência chegaram para amansar a gira e liberar o calor. Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar... com cantigas infantis e africanas as meninas abriram a roda para Tizumba.

À meia – noite, com todas as atividades terminadas ficava explícito que cinqüenta por cento do sentido da Caravana estava nos Pontos de Cultura. Eles trazem concretamente toda a população e a cultura maciça do estado. Através dos tambores tive a sensação de ter sentido uma Minas Gerais que nunca achei que existia. De repente a melhor forma de diálogo entre Comunidade X Academia.

Não só nós da Caravana sentíamos Minas, os próprios mineiros depois de um dia corrido se sentiram ali, naquele instante.
Pela primeira vez em partida no nosso ônibus batemos palmas para o estado que ficava.

VIVA MINAS GERAIS!


Ps: comentário tirado do jornal 'Estado de Minas' Caderno Gerais; 23 de agosto de 2008.


Fernanda Paixão

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Atores, tambor e coragem...

Queridos!
Fiquem tranquilos!!!
Dona Herculana chegará em breve para ir de encontro ao seu amor(Sr. Herculano), cantar e tocar tambor!

PS.:Parabéns Aldo!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Viva o Rio de Janeiro!

20/08/2008

Depois de viajar a noite toda chegamos em Belo Horizonte, o Santini reintegrou-se à equipe.
No dia 19/08 fomos no Campus da UFMG reconhecer o espaço. Vimos um espaço ótimo, uma arena com uma lona de circo, um lugar lindo, todo o evento inclusive os debates poderiam ser ali, poderiam, porque por desentendimentos políticos da UNE com o DCE não foi possível o uso conjunto do espaço, já que no local estavam acontecendo palestras organizadas pelo DCE.
Paciência, tivemos que buscar outros espaços...
No dia 20/08 fomos às 10:00 horas para a UFMG e às 11:00 horas fizemos um cortejo e uma intervenção (só com tambor) em um dos Campus, as piadas narradas funcionaram, já a apresentação dos atores foi difícil...
À noite, por volta de 18:30 íamos fazer uma apresentação no Campus da Fafich, onde ia acontecer o debate noturno. Ocorreu que o debate foi transferido para o Campus de Educação, então fizemos o seguinte, já que estávamos no Campus da Fafich, e que enquanto preparávamos nosso material já haviam se incorporado ao nosso grupo 3 estudantes que se fantasiaram e queriam cortejar conosco, resolvemos cortejar pelo Campus antes de ir para o local do debate. E foi muito bacana, andamos pelos corredores da Universidade, cantando e tocando, abrimos uma roda na lanchonete e um aluno que lá estava foi ao centro da roda para nos explicar como deveríamos fazer para chegar no Campus de Educação, foi divertido, replicamos o que ele falava e produzimos imagens do que ele narrava. Convocamos as pessoas para o debate e seguimos com o cortejo para o outro Campus.
Noite escura, caminho longo, seguíamos cantando e cortejando pelos Campus da UFMG, e nesta caminhada mais 2 alunos se fantasiaram e seguiram conosco até o Campus de Educação, lá abrimos um roda, apresentamos alguns atores e alunos e convocamos as pessoas para o debate. O momento mais gostoso foi quando o Herculano deu umas flores de plástico para uma moça que assistia nossa intervenção, me parecia que ela era especial, me perguntou da onde éramos, e depois ficou repetindo Viva o Rio de Janeiro, foi ao centro da roda e nos agradeceu....Foi sem dúvida o momento mais vivo do dia!!!
No ônibus conversamos com a Floriana (artista plástica que acompanha a Caravana) e com a Mel (jornalista) e resolvemos que temos que fazer uma reunião com todos para avaliar o que fizemos até agora e como as coisas podem melhorar. Questionamos muito a forma como são conduzidos os debates nos auditórios, a Floriana, o Circo e do Tá Na Rua mobilizam pessoas nos espaços “alternativos” (pátio, lanchonete, corredores, salão de jogos, ...) mas não se consegue levar estas pessoas para os espaços fechados dos auditórios. Por quê?! Necessitamos questionar os modelos. Não seria o caso de fazer os debates em outros espaços?! Qual a melhor maneira de dialogarmos com os jovens se é realmente isso que se pretende...
Creio também que o diálogo com os jovens do Sudeste seja mais difícil, a competitividade aqui é maior e as pessoas parecem menos disponíveis para o diálogo, realmente espero que ao longo da Caravana encontremos locais mais esperançosos...
Uma professora deu um depoimento no debate de ontem falando que no seu tempo os jovens tinham um sonho coletivo e isso os movia para os debates das questões do país, pós ditadura, os ideais foram se modificando, e ela verifica nas turmas em que leciona que os interesses dos jovens são muito individuais, o que dificulta o interesse pelas questões coletivas.
E questão é muito complexa pois o comportamento do jovem na universidade reflete o comportamento de toda uma sociedade, e às vezes olhando tudo como está da uma sensação de impotência grande, por onde começar?! Certamente não vamos salvar o mundo com uma Caravana, e nem é essa a pretensão. Mas o que podemos fazer para que esta Caravana coloque as coisas em movimento, abra portas, aponte possibilidades: tudo é assim mas pode ser diferente!
Nós seguimos tocando nosso tambor, para que a escola carioca do espetáculo continue possibilitando: Vivas!

Ana Cândida

Atores, tambor e coragem...

18/08/2008

Retornei a Caravana na noite passada, após desviar minha rota para participar do Programa Primeiro Ato em Belo Horizonte, no qual houve um encontro com 20 grupos de teatro de Minas Gerais, 3 de Vitória e 7 do Rio de Janeiro, a troca de experiências foi muito bacana, e voltei mais disposta para exercitar o meu ofício.
A frase que trago do encontro é a seguinte: “Você faz uma defesa apaixonada mas que não é cega!” esta frase me foi dita pela Suzana da cia Atores de Laura, à respeito de como eu falava do Tá na Rua. Fui para o encontro desarmada e pude colocar muitas coisas em questão, e contribuir muito com os ensinamentos/pedagogia do Tá na Rua, mas creio que sobre tudo aprendi muita coisa, ouvi muito, compreendi que apesar de todas as diferenças que temos de outros trabalhos, e que nos torna singulares, muitas coisas são comuns: angústias, relações com grupo e público, anseios, como fugir da burocracia, como estar vivo em cena, desejos, paixões...; e são nessas convergências que pude buscar mais forças para seguir meu trabalho dentro do Tá na Rua e crescer com ser humano.
Não podia deixar de fazer este pequeno comentário à respeito do encontro Primeiro Ato, mas, voltando a Caravana, quando cheguei no dia 17/08, domingo à noite em Vitória, fui me encontrar com os Caravaneiros do Tá na Rua. A configuração era a seguinte: Aldo, Juliana, Fernanda, Chico, Pimpolho, Herculano (substituindo o Marcelo) e Santini. As intervenções/apresentações seriam no dia seguinte e o Santini me deu a notícia que não estaria presente (iria para Brasília para variar!!). Confesso que fiquei com medo!!! Sem Marcelo e sem Santini!! Mas vamos lá, tem que fazer, não é possível que não tenha como segurar a roda juntamente com os outros...
Na segunda-feira, 18/08, fomos para a UFES, fazer um cortejo antes de iniciar o debate, o Pimpolho não foi conosco, e quando chegamos no local vimos que não tinha quem tocasse os instrumentos, o Aldo corajosamente pegou o surdo e nós saímos com o cortejo cantando:lalalaialalaia...lalalailalaia..... foi péssimo uma desafinação só!!! e o Aldo ineficiente no surdo não ajudava a cantar com a sua potente voz, indagado porque não estava cantando disse: Não consigo tocar e cantar ao mesmo tempo porra! Ou uma coisa ou outra!!!.... Ele continuou tocando o surdo e no final do cortejo até que acertou uma batidinha de funk!!! Conclamamos os estudantes para o debate sobre Aborto, e antes de iniciar fizemos um brincadeira no auditório...
Mas o dia estava somente começando...
Fomos para o Campus Goiabeiras, e lá abrimos uma roda no bandejão, o Pimpolho abriu a gira e eu narrei a piada do plano de saúde, aquela da enfeira que faz o boquete no cara que tem plano de saúde. Um aluno participou como um doente mas na hora que disse que ele se masturbava ele não levou a té o fim e saiu da roda, seguimos com o Chico assumindo o lugar do paciente... O Aldo narrou a piada do Coelho...fizemos um curto cortejo na fila do bandejão e abrimos outra roda onde o Pimpolho narrou a piada de Jesus (aquela que ele pede para os apóstolos buscarem as drogas do mundo e Judas volta com a polícia)...foi muito bacana...
À tarde fomos para UVV e lá fizemos um cortejo e abrimos uma roda na praça de alimentação, os alunos foram bem receptivos, dois alunos fizeram os pacientes do hospital na piada do plano de saúde e o primeiro mandou ver na hora que disse que o doente se masturbava, com o grande pirocão (confeccionado pela ilustre aderecista Letícia) ele fez uma grande cena!!! Uma universitária entrou para fazer a enfermeira gostosa e timidamente acabou simulando um boquete no paciente dois, aquele que tem o plano de saúde, foi muito divertido... fizemos outras narrativas, até a Fernanda se arriscou narrando a piada dos dois maconheiros que foram presos e para conseguirem absolvição precisavam convencer pessoas a pararem de usar drogas... foi muito sem graça, e por isso mesmo foi muito engraçado...jogamos aberto com o público expondo as nossas fragilidades e dificuldades...
À tarde de volta ao Campus Goiabeiras da UFES, iriamos somente esperar a hora para iniciar o cortejo com o Magarê, mas havia som no estande da UNE e, não resistimos e ficamos fazendo oficina livre por umas 2 horas, arrumávamos o material para o cortejo, mas logo desarrumávamos tudo pois a oficina não parava...
Quando deu 18:50 horas partimos em Cortejo para o local onde iríamos encontrar o Grupo Mangarê, pois bem, quando chegamos na praça, eles não estavam, ou seja, abrimos outra roda e narramos a Regadeira, o Continho Realista e eu inventei uma história de Plano de Saúde que foi bem confusa mas com a ajuda dos companheiros deu para levar....Ficamos uns 50 minutos improvisando com o tambor e como o grupo não chegou, e estávamos exaustos depois da quarta apresentação/intervenção encerramos os trabalhos...
O dia foi muito bom, acho que em todos os anos de Tá na Rua nunca tinha feito tanta apresentação no mesmo dia e só com o tambor, com todas as precariedades foi muito proveitoso e agora me sinto mais forte para os próximos desafios...
Ana Cândida

ANFITEATRO UFRJ

12/08/08


Depois de uma tarde fervorosa de trabalho o Tá Na Rua segue para o Anfiteatro.

Urca, Rio de Janeiro.

Espaço reconhecido, refletores, fios, som. Nossa trouxa aberta exibia nossas fantasias e apetrechos que foram cuidadosamente distribuídos pelo espaço. O anfiteatro se localiza dentro do prédio da faculdade ao ar livre, como um jardim interno. O seu chão brilhava. Há algum tempo não havia apresentações. Os refletores novíssimos, difíceis de ligar. Há tanto não eram usados.

Nós sentíamos o alívio dos Deuses. Uma Arena quase grega, em plena Zona Sul do Rio de Janeiro, o pão de açúcar seu vizinho. Pálida arena, cercada por muros que amordaçavam, sem ninguém sentir, a alma inquieta dos jovens da Escola de Direção Teatral e Comunicação Social habitada ali, junto Direito e Economia.

Fomos esquentando o local, nos esquentando e as pessoas chegando. Luz, câmeras, ação: o Tá Na Rua invade a Universidade Federal do Estado, antiga Nacional.

Arrumamos o espaço, algumas pessoas se encantavam pelo colorido contaminando o teatro e entravam, outras só passavam. Nosso narrador avisa que sairíamos em cortejo e logo voltaríamos. A platéia esperta esperou a gente voltar. Não sei se bom ou se ruim, talvez o caminho contrário seria mais jogo, poderíamos já ter chegado em cortejo. Certo ou errado, nem certo nem errado: Tá Na Rua e seu processo.

Seguimos em cortejo, a magia transgressora do teatro volta a se manifestar, os corredores silenciosos recebiam o bumbo, as vozes, a música.

"Bum, Bum, Bum, bate o tambor!
São século e milênios de teatro
Ao alcance de sues corações
É só colocar seu sentimentos
Em movimento, aliados à razão
E bumba, o teatro a se manifestar
Gigante adormecido que se reconhece
Quando surge a ocasião [...]"

As salas se abriram. Os guardas, sempre dorminhocos, com os olhos arregalado, saímos do prédio, estudantes no bar. Que delícia poder redescobrir uma arquitetura antiga, que Oduvaldo Vianna filho e seus contemporâneos fizeram o melhor do teatro, agora rotineira e ainda bela.

Chi, chi, chi, psiu!

Teatro, tudo bem, agora barulho não! Reclamava o professor.



TEATRO SEM BARULHO

Na rua, nós nunca vimos. Nos espaços abertos, nós nunca vimos. Espaço aberto, não convencional, nos corredores que percorremos em cortejo, itinerante, como não fazer barulho? Desconhecemos esta prática de comunicação e manifestação.
Como não era o caso de um cortejo fúnebre real, fomos autorizados a fazer a apresentação em trinta minutos.

Volta- se à Arena. Comemoramos com um minuto de barulho e confusão pelo palco e platéia. Nosso DJ das emoções baratas solta um Nino Rota. Trinta minutos de pura alegria, Saúde, Educação e Cultura: está aberta a Caravana!

Vamo que vamo...


Fernanda Paixão

domingo, 17 de agosto de 2008

LANÇAMENTO CARAVANA UNE

12/08/08

Lançamento da Caravana da UNE.

Neste dia houve passeata e ato com o Presidente Lula na sede da UNE e UBES, na praia do Flamengo, Rio de Janeiro, com as presenças do ministro da Saúde, José Gomes Temporão; do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral e do presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira.

Pela primeira vez uma Caravana da UNE (a quarta realizada até hoje) parte em direção a todos os estados do Brasil.

Um estande da UNE foi montado no terreno e no Aterro do Flamengo para distribuir materiais sobre os temas da Caravana. No local também houve uma Tenda da Saúde, com uma campanha de prevenção e distribuição de preservativos.

A presença do presidente do Brasil consolidou a realização da Caravana e da construção prédio da UNE, projetado por Oscar Niemayer.

Projeto Oscar Niemeyer

No dia 10 de agosto de 2007, em meio às comemorações dos 70 anos da UNE e posse da atual gestão da entidade, o arquiteto Oscar Niemeyer presenteou os estudantes com uma versão atualizada do projeto para a reconstrução da sede na Praia do Flamengo.

Niemeyer idealizou um prédio com 13 andares, onde também haverá um teatro para abrigar as produções culturais estudantis e um museu de Memória do Movimento Estudantil, entre outros espaços.

Permeando a isso...

Com vocês, o grupo Tá Na Rua!

Nós do grupo Tá Na Rua saímos em cortejo do Hotel Novo Mundo rumo à sede da UNE e UBES à três quadras dali. Começamos cantarolando o nosso hino que naturalmente unificou o coletivo de atores que partiam em cortejo e nos apresentou para a cidade do Rio de Janeiro, cidade que recebeu a Caravana de braços abertos e a soltou pelo Brasil afora.

Já apresentados e à vontade, surge do coro: Cidade Maravilhosa, música de André Filho que emocionou e sacudiu os transeuntes da cidade. Imbuídos do sentimento carioca, político e arrebatador o Tá Na Rua se despede da porta da Sede da UNE e entra em pleno Aterro do Flamengo. Lá está Zé gotinha e sua tenda de vacina, Tá Na Rua, estudantes e comunidade entram na fila da Campanha. Todos remediados contra a Rubéola!

Aos poucos o grupo se reorganizou em uma roda com o pandeiro.

De repente uma enxurrada de 400 estudantes correndo pela praia do flamengo invade o Aterro, aquela força jovem, aquela energia balançou o grupo, então pegamos nossas bandeiras, estandartes, prontos para o diálogo e a recepção.
Os estudantes estavam tomados por um sentimento contraditório de libertação e armação. Como pode? Todos gritando pela reforma universitária, pelo presidente, por seus próprios colégios, de repente fomos empurrados e uma garrafa voou. As pessoas já não sabiam mais pelo que falavam, queriam entrar, gritar, pela primeira vez se expressar! Acabavam de sair das jaulas da instituição, lugar que os informavam, porém cegavam-os.

O Tá Na Rua se recolheu, conversamos, tentamos entender, não estávamos ali para nos somar com 400 cabeças e cantarmos o hino dos estudantes. Logo depois, respeitando os impulsos, alguém da roda puxa um funk, foi mágico: caixas de percussão apareceram, os estudantes tocaram e dançaram o ritmo mais aclamado pelos cariocas: o Créu! Já na velocidade 5 da música, as bandeiras da UNE foram parar no chão, os corpos estavam balançando e enfim o Grupo carioca Tá Na Rua e a comunidade começaram um diálogo que só parou com a entrada de todos os estudantes para ouvir o Meretíssimo.

Ora deitados nos gramados do Aterro do Flamengo ouvindo um som ressoar do ato presidencial, ora sentados atentos ao discurso, o grupo descansa para sua próxima apresentação no Anfiteatro da UFRJ, Campus Praia Vermelha às 18:30.


Anfiteatro UFRJ

Vou terminar de escrever!!! Esse parágrafo acima provavelmente vai iniciar o texto que eu pretendo escrever sobre a nossa apresentação no anfiteatro. meu texto ou nosso texto se alguém se empolgar... manda vê!

Autor: Fernanda Paixão
Fonte:

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Primeirão

Fala galera!!!

To inaugurando o blog!!

Vamos relatar e detalhar tudo o q vai rolar nessa caravana!!

Abração p/ todos e vamos nessa!!

Aldo Perrotta