domingo, 14 de setembro de 2008

Maratona Mato Grosso

10 e 11/09/2008

Depois de uma viagem de 10 horas, chegamos em Cuiabá, MT, e à noite já tínhamos uma intervenção marcada na UNIC (Universidade Cuiabá). Fomos para lá sem nada preparado, estava um calor insuportável, a três dias atrás a temperatura no Sul era de 4º C e agora o termômetro marcava 42º C.
O Campus era muito amplo, e pelo horário, 18:30 o fluxo de entrada de alunos era grande, acertamos que faríamos um cortejo da entrada para o auditório no qual haveria exibição do filme da UNE do Silvio Tendler, e no melhor local faríamos uma intervenção. Combinamos com o Luiz e o Emerson (os circenses) de participarem conosco, da narrativa do Inferno Nacional.
Partimos para a porta da Universidade e logo estávamos em cortejo, quando chegamos nas catracas da entrada da Universidade, resolvemos ultrapassá-la e ganhar a rua. E ali do lado de fora da Universidade abrimos nossa roda. Cantamos e invocamos os mambembes, artistas, o circo e o Emerson entrou fazendo um número com a bola de contato. E então aconteceu o que a tempos não acontecia, entra na roda nosso Exu, uma senhora linda que cambonada com um tecido azul dançou no centro da nossa roda. Agradecida a sua participação e dada a permissão para iniciarmos os trabalhos, o Pimpolho começou a narrativa do Inferno Nacional, fomos contando a história junto com o Circo, na hora e que o falecido entra no inferno os circenses fizeram um número cm malabares de fogo, e no final quando ele chega no departamento do Brasil, dissemos que havia um clima festivo e um circense entrou no monociclo jogando claves, e nós brincávamos ao redor. O Emerson ainda fez o rapaz da fila que falava com o falecido. Foi muito bom, a roda no decorrer da narrativa se formou. Apresentamos os atores, falamos sobre a Caravana e convidamos a população a entrar na universidade para participarem da programação. Saímos em cortejo na direção do auditório.
Um garotinho de uns 10 anos, quando nos viu chegar na rua, ficou maravilhado e me disse que nunca tinha visto um circo, ele nos acompanhou no cortejo até entrarmos no auditório. Haviam bastante alunos para o debate, o Pimpolho nos apresentou e lhes disse que a nossa forma de agir na sociedade e fazer política era através da arte, que nosso papel ali era ser uma ponte entre a universidade e a população, que essa troca precisa existir, que naquela noite aquele garoto havia entrado ali conosco, será que isso aconteceria outras vezes?!!Pode?! Deve acontecer?! Como não nos fecharmos dentro de um prédio?! Como estabelecer contato com o mundo lá fora?!! Fomos muito aplaudidos, deixamos o auditório cantando e felizes, com a convicção da importância de sairmos dos portões da universidade para nos fortalecermos.
No dia seguinte ainda tínhamos duas intervenções para fazer, estávamos esgotados, mas a Caravana continua, e precisamos achar uma forma de lidar com esses dias mais intensos.
Por conta da apresentação não foi realizada a pré produção na UFMT, o que inevitavelmente prejudicou a programação.
Às 12 horas do dia 11, estávamos no refeitório universitário da UFMT, no cortejo de chegada o Pimpolho estava vestido com uma sainha curta e uma mini blusa, os alunos ficaram agitadíssimos!!! Abrimos a roda e nos apresentamos, falamos sobre a Caravana e seus temas, e dissemos que ali apresentaríamos algumas narrativas que tratavam desses temas da nossa maneira. Os alunos abriram uma roda consistente mas olhavam desconfiados. A primeira narrativa foi a das freirinhas, logo que as garotas abandonaram o hábito e surgiram de roupas íntimas, o público se entregou e daí pra frente participaram ativamente das narrativas. Narrei a piada do plano de saúde e dois alunos fizeram os pacientes, a Lu fez a enfermeira gostosa e o público foi ao delírio. Reparei que algumas meninas que estavam vestidas de branco (não sei o curso, mas provavelmente enfermagem, ou fisioterapia, ou medicina) não gostaram muito da figura da enfermeira, em outra universidade as meninas de enfermagem já havia nos falado que não gostam que coloquem a enfermeira como a gostosa (deve ser porque perde dignidade, será?!!), de qualquer forma com o desenrolar da piada, elas se divertiram também. Por fim foi narrado o coelho. Fechamos nossa trouxa e partimos...
À noite fizemos somente um cortejo passando por três blocos da universidade, fato é que o local que foi instalado o som (que utilizávamos normalmente para as apresentações noturnas), era totalmente ermo, o que nos forçou a sair com o tambor. Foi muito difícil pois a cada bloco tínhamos que cortar o fluxo pois as distâncias eram muito grandes. Antes de sairmos e durante o cortejo também houve desentendimento entre nós e a produção, o que complicou ainda mais os afetos para realização de um bom e feliz cortejo. Ainda assim, a maioria das pessoas que cruzamos nos recebeu com sorrisos que a mim permitiram chegar ao fim do dia.
Esta semana foi muito cheia e intensa, necessitamos de um tempo para reflexão. Amanhã partimos para Porto Velho – RO, uma viagem de 22 horas, pretendemos no sábado sentarmos para avaliar os acontecimentos e buscar coletivamente novos caminhos, sabemos o que significou a realização da oficina e a a presentação fora da universidade, e certamente vamos trabalhar para que ocorram mais vezes.
Ana Cândida

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