sábado, 30 de agosto de 2008

Roda na Rua!





28/08/2008
Às 8:30 saímos do Hotel e fomos para UNIP da Vergueiro, a barraca da Une foi montada do lado de fora, na calçada, pois não autorizaram montar no interior da faculdade, isso para o Tá na Rua foi uma maravilha, íamos fazer a nossa primeira intervenção fora da universidade, na rua!!!
Às 9:30 iniciamos dançando as músicas que estavam tocando na barraca da Une, eram um rock anos 60 e nos divertimos, logo estávamos juntos e o público foi se formando ao nosso redor, contamos. O Santini narrou que o Herculano tentava entrar naquela Universidade e não conseguia, pois era pobre de Diadema, feio, e não tinha oportunidade da vida, depois foi a vez do pimpolho tentar entrar, para ele seria mais difícil ainda pois além de pobre e feio era preto, os seguranças (eu e o Herculano) barramos a entrada dele!!
Dissemos que íamos fazer a reforma universitária, e espalhamos uns cones na porta da faculdade, sendo que os alunos para entrarem ou saírem do prédio tinham que dar a volta entre os cones, essa brincadeira rendeu um bocado. Por fim o Aldo narrou a piada do Coelho e foi a maior diversão, o público se divertia conosco fazendo os bichinhos drogados!!! O Pimpolho tem feito o leão com uma saia minha de filó que fica um espetáculo!!! Nos despedimos do pessoal e avisamos que à noite tinha mais, que aquilo era somente uma pilula!!!
Às 14:00 fomos para a Uninove da Vergueiro, estava combinado de fazermos um cortejo, para vocês terem uma idéia do prédio, tinha um momento na intervenção que o Aldo falava assim: É um hospital?! Não! É a sede da Unimed?! Não! É uma delegacia de polícia?! Não! É uma igreja evangélica?! Não! Então o que é?! E respondíamos: É a Uninove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um... e começamos a bater o tambor e cantar!!!
Quando entramos no prédio fomos separar o material, os seguranças que já tinham visto nós fazermos barulho na porta não tiveram dúvida, fizeram um cercadinho com aquelas fitas preta e amarela, delimitando o espaço da nossa intervenção, o Pimpolho ía falar com ele, mas o Aldo disse para deixar iria dar teatro, e deu!!! Ficamos todos dentro do cercados como bichos, e o Santini do lado de fora falava com os estudantes que estávamos presos, que éramos perigosos, para não se aproximarem... Um dos alunos me libertou e fomos saindo aos poucos e fizemos um cortejo do lado de fora da cerca cantando: Marcha soldado cabeça de papel se não marchar direito vai preso pro quartel...., cantamos também o hino à bandeira nacional: Salve, lindo pendão da esperança, Salve, símbolo augusto da paz!..., e depois ganhamos a parte de fora da universidade, os alunos nos observavam das janelas do prédio, e começaram a pedir para que tocássemos os instrumentos, começamos a brincar de fazer cortejo com as pessoas que estavam chegando na universidade, e os alunos do alto do prédio escolhiam quem (qualquer aluno que estivesse entrando na universidade) eles queriam que puxasse o cortejo, fizemos uns 5 cortejos...
Logo em seguida teve a apresentação do filme SOS Saúde do Michael Moore, eu fiquei para assistir, o auditório estava cheio, o filme fala sobre a saúde pública dos EUA comparada a outros países, basicamente o que se verifica é que nos EUA 250 milhões de pessoas possuem plano de saúde e 50 milhões não, as que não possuem estão completamente desassistidas, e as que possuem, muitas vezes tem seus exames, cirurgias, negados simplesmente porque os médicos que avaliam as solicitações são instruídos a negar a maior quantidade de pedidos, e ganham bônus para isso, o que é um absurdo. O Bush, assinou acho que em 2003 uma lei que garantiu um convênio entre a indústria farmacêutica e os planos de saúde, acordos bilionários estavam por trás desta lei, e muitos políticos do parlamento, assim que foi assinada a lei, o deixaram para se dedicar à indústria dos planos de saúde, por razões obvias.
Ainda, nos EUA, quando Hilary Clinton quis criar um Sistema Público de Saúde, foi massacrada pelos poderosos dos planos de saúde, que fizeram uma campanha agressiva e inescrupulosa contra o Sistema, dizendo que os médicos ganhariam pouco, o povo teria que enfrentar uma burocracia absurda para poder ser atendido e por fim que a medida era uma idéia socialista. Com isso até mesmo Hilary passou para o lado dos poderosos e tornou-se inclusive acionista de uma empresa de Plano de saúde.
Foram visitados países como a Inglaterra, Canadá e França, nos quais as pessoas tem assistência médica gratuita, os mais ricos concordam com o sistema, defendendo que a saúde deve ser para todos, e que não se importam de financiar através dos seus impostos a saúde dos que não podem pagar, vêem a saúde como um direito do cidadão e um dever do Estado.
O melhor do filme é quando o Michel Moore reuni doentes do 11 de setembro e vai para Cuba tentar atendimento para eles no hospital da prisão de Guantanamo (território americano em Cuba), obviamente não são recebidos, vão então para Havana, chegando no Hospital de lá são devidamente atendidos pelo médicos Cubanos, que fazem todos os exames e dão o diagnóstico para os doentes, o atendimento é totalmente gratuito. Ainda ao irem na farmácia comprar medicamentos, uma americana descobre que o medicamento que paga 120 dólares nos EUA, em Cuba custa 50 cents. Os americanos ficam emocionados com o tratamento que receberam e não entendem o porque nos EUA é diferente. O filme diz que o povo não reclama pois é dominado pelo terror, pelas dívidas e baixa estima.
Após a exibição do filme, abriu-se o debate, primeiramente uma representante do Ministério da Saúde e um representante da Une, fizeram suas considerações, uma professora salientou a importância da discussão sobre a saúde e o fato da Une estar ali na universidade, que os alunos tinham que aproveitar o máximo, formarem seus centros acadêmicos e continuar discutindo questões relevantes. Poucas pessoas se colocaram apesar do auditório estar cheio, me pergunto novamente: Como fazer as pessoas falarem?!! Acho que precisam fazer um estágio no TNR!!!
O melhor ainda estava por vir, às 18:30 retornamos para Unip, nos reunimos e combinamos o que seria a última intervenção em São Paulo e também no Sudeste. Em meio aos prédios, ao trânsito e a poluição, decidimos falar de amor, e nossa gira começou com uma grande roda na calçada da rua Vergueiro...
Após dançarmos, o Aldo apresentou o TNR e o tema que iríamos tratar: O Amor, a Fernanda foi apresentada como uma Professora Doutora da Unip especialista em Amor, ela narrou um dos textos que extraído do Globo sobre os benefícios do amor, enquanto ela narrava eu e o Aldo íamos fazendo as imagens, em seguida ela concluiu dizendo como sofre o homem apaixonado, e apresentou o Ébrio. O Herculano fez o ébrio, foi muito bom, nunca o vi tão calmo. O Aldo seguiu a narração dizendo que algumas mulheres fazem os homens sofrer sim, mas outras são um exemplo de esposa, e para mostrar ao público fiz a primeira portuguesa com o Herculano e o Santini, continuei a narrativa dizendo que era uma ótima esposa, que amava meu marido mesmo ele sendo pobre, mas que um dia poderia me cansar, e então, iria atrás de um homem rico dos Jardins ou do Morumbi, igual a uma colega minha, e então chamei a Fernanda para contar a história da 2ª Portuguesa. Em seguida o Santini continuou a narrativa apresentando o playboy que usa e compra mulheres, e então eu e o Aldo fizemos o Abre suas pernas.
Esse momento foi quente, logo no início uma senhora da platéia entrou em cena e disse para eu dar logo para o personagem do Aldo, não entendi direito o que ela queria, ela permaneceu na roda, vi que na sua camiseta estava escrito alguma coisa de igreja, e comecei a sacar que desejava era acabar com aquela “pornografia”. Eu abri espaço para ela jogar com o Aldo, e ele foi com o pirocão para cima dela, ela não aguentou o tranco e foi para a barraca onde estava o som (acho que para tentar desligar), a essa altura a roda estava muito cheia, o Pimpolho falou com ela que não ia parar e então ela foi embora, neste momento eu voltei e continue a cena com o Aldo.
Na música, na hora que a mulher se rende ao dinheiro do homem, eu tirei a saia e a blusa, e o público não acreditou, depois da cena, a representante do Ministério da Saúde vaio falar comigo que era muita coragem, porque em São Paulo além das pessoas serem conservadoras, ninguém fica assim na rua. O número foi muito aplaudido, o público foi o maior que tivemos, e o mais interessante que por ser na rua, era muito diversificado, não só formado por estudantes. Para finalizar tocamos o Carinhoso, agradecemos São Paulo, montamos nossa trouxa, e saímos todos felizes!!!!
A cada dia que passa esse coletivo se conhece mais e apesar de grandes divergências, estamos encontrando caminhos e desejos que nos unam, e isso nos dá força para em nome do trabalho, do Tá na Rua e de cada um particularmente, continuarmos e nos afinarmos. A falta e a saudade dos companheiros que estão o Rio é muita, gostaria muito de viver essa experiência juntamente com todos, acho que a distância nos faz dar mais valor as coisas, e eu valorizo cada um dos meus companheiros do Tá na Rua, procuro enxergar as qualidades de cada um, e certamente o trabalho que estou fazendo aqui tem um pedacinho de cada um de vocês, de coisas que aprendi com vocês, espero que o trabalho por ai esteja fluindo como aqui, estamos juntos!!!

Ana Cândida

Um comentário:

Unknown disse...

Incrível trabalho ! Roda de rua em frente a universidade envidraçada com roletas e seguranças engravatados....sou mais vocês!!!