quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Atores, tambor e coragem...

18/08/2008

Retornei a Caravana na noite passada, após desviar minha rota para participar do Programa Primeiro Ato em Belo Horizonte, no qual houve um encontro com 20 grupos de teatro de Minas Gerais, 3 de Vitória e 7 do Rio de Janeiro, a troca de experiências foi muito bacana, e voltei mais disposta para exercitar o meu ofício.
A frase que trago do encontro é a seguinte: “Você faz uma defesa apaixonada mas que não é cega!” esta frase me foi dita pela Suzana da cia Atores de Laura, à respeito de como eu falava do Tá na Rua. Fui para o encontro desarmada e pude colocar muitas coisas em questão, e contribuir muito com os ensinamentos/pedagogia do Tá na Rua, mas creio que sobre tudo aprendi muita coisa, ouvi muito, compreendi que apesar de todas as diferenças que temos de outros trabalhos, e que nos torna singulares, muitas coisas são comuns: angústias, relações com grupo e público, anseios, como fugir da burocracia, como estar vivo em cena, desejos, paixões...; e são nessas convergências que pude buscar mais forças para seguir meu trabalho dentro do Tá na Rua e crescer com ser humano.
Não podia deixar de fazer este pequeno comentário à respeito do encontro Primeiro Ato, mas, voltando a Caravana, quando cheguei no dia 17/08, domingo à noite em Vitória, fui me encontrar com os Caravaneiros do Tá na Rua. A configuração era a seguinte: Aldo, Juliana, Fernanda, Chico, Pimpolho, Herculano (substituindo o Marcelo) e Santini. As intervenções/apresentações seriam no dia seguinte e o Santini me deu a notícia que não estaria presente (iria para Brasília para variar!!). Confesso que fiquei com medo!!! Sem Marcelo e sem Santini!! Mas vamos lá, tem que fazer, não é possível que não tenha como segurar a roda juntamente com os outros...
Na segunda-feira, 18/08, fomos para a UFES, fazer um cortejo antes de iniciar o debate, o Pimpolho não foi conosco, e quando chegamos no local vimos que não tinha quem tocasse os instrumentos, o Aldo corajosamente pegou o surdo e nós saímos com o cortejo cantando:lalalaialalaia...lalalailalaia..... foi péssimo uma desafinação só!!! e o Aldo ineficiente no surdo não ajudava a cantar com a sua potente voz, indagado porque não estava cantando disse: Não consigo tocar e cantar ao mesmo tempo porra! Ou uma coisa ou outra!!!.... Ele continuou tocando o surdo e no final do cortejo até que acertou uma batidinha de funk!!! Conclamamos os estudantes para o debate sobre Aborto, e antes de iniciar fizemos um brincadeira no auditório...
Mas o dia estava somente começando...
Fomos para o Campus Goiabeiras, e lá abrimos uma roda no bandejão, o Pimpolho abriu a gira e eu narrei a piada do plano de saúde, aquela da enfeira que faz o boquete no cara que tem plano de saúde. Um aluno participou como um doente mas na hora que disse que ele se masturbava ele não levou a té o fim e saiu da roda, seguimos com o Chico assumindo o lugar do paciente... O Aldo narrou a piada do Coelho...fizemos um curto cortejo na fila do bandejão e abrimos outra roda onde o Pimpolho narrou a piada de Jesus (aquela que ele pede para os apóstolos buscarem as drogas do mundo e Judas volta com a polícia)...foi muito bacana...
À tarde fomos para UVV e lá fizemos um cortejo e abrimos uma roda na praça de alimentação, os alunos foram bem receptivos, dois alunos fizeram os pacientes do hospital na piada do plano de saúde e o primeiro mandou ver na hora que disse que o doente se masturbava, com o grande pirocão (confeccionado pela ilustre aderecista Letícia) ele fez uma grande cena!!! Uma universitária entrou para fazer a enfermeira gostosa e timidamente acabou simulando um boquete no paciente dois, aquele que tem o plano de saúde, foi muito divertido... fizemos outras narrativas, até a Fernanda se arriscou narrando a piada dos dois maconheiros que foram presos e para conseguirem absolvição precisavam convencer pessoas a pararem de usar drogas... foi muito sem graça, e por isso mesmo foi muito engraçado...jogamos aberto com o público expondo as nossas fragilidades e dificuldades...
À tarde de volta ao Campus Goiabeiras da UFES, iriamos somente esperar a hora para iniciar o cortejo com o Magarê, mas havia som no estande da UNE e, não resistimos e ficamos fazendo oficina livre por umas 2 horas, arrumávamos o material para o cortejo, mas logo desarrumávamos tudo pois a oficina não parava...
Quando deu 18:50 horas partimos em Cortejo para o local onde iríamos encontrar o Grupo Mangarê, pois bem, quando chegamos na praça, eles não estavam, ou seja, abrimos outra roda e narramos a Regadeira, o Continho Realista e eu inventei uma história de Plano de Saúde que foi bem confusa mas com a ajuda dos companheiros deu para levar....Ficamos uns 50 minutos improvisando com o tambor e como o grupo não chegou, e estávamos exaustos depois da quarta apresentação/intervenção encerramos os trabalhos...
O dia foi muito bom, acho que em todos os anos de Tá na Rua nunca tinha feito tanta apresentação no mesmo dia e só com o tambor, com todas as precariedades foi muito proveitoso e agora me sinto mais forte para os próximos desafios...
Ana Cândida

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