quarta-feira, 27 de agosto de 2008

PUC - Minas Gerais: um norte para a Caravana da Cidadania.








Quinta-feira, 21/08/08
Depois de uma manhã de descanso (o trabalho foi árduo na UFMG no dia anterior), nós do grupo Tá Na Rua saímos à tarde para reconhecer o espaço da próxima e última universidade que passaríamos em Belo Horizonte: Puc- Minas Gerais.

Subimos e descemos as ladeiras da cidade mineira e no ponto mais alto de nossa trajetória lá estava ela: Pontifícia Universidade Católica. Muros grandes e brancos cercavam a universidade. Entramos e nos deparamos com um jardim cheio de flocos de algodão pelo gramado, escadas, corredores longos, a arquitetura antiga. Uma tradição religiosa milenar cercava aquela instituição.

Os jardins vazios, o Tá Na Rua percorria o espaço sozinho, algumas pessoas passavam entre uma porta e outra. A tradição religiosa parecia que somente cercava a universidade, pois a arquitetura estava distante dos comportamentos. Espaço aberto, natureza, a cidade inteira diante de nossos olhos, uma vista impecável, não condizia com o vazio, a pressa.

A lembrança dos colégios de freira que estudei e conheci bem me veio à cabeça: aquele comportamento retido era uma orientação Católica Apostólica Romana. A tradição não só cercava, imperava na instituição. Sempre em prece, cobertas e andando sorrateiramente, as freiras dos colégios exalavam a religião e sua contradição. A PUC exalava a religião e sua contradição.

Atrás de tudo isso, da porta e do jardim principal, estava montada uma lona de circo. A tenda da Une percebeu que seu lugar era em frente àquela arena, então montou tudo e ligou o som ambiente que animava os meninos montando os equipamentos na Lona para os debates, shows e manifestações teatrais e circenses.

No dia seguinte faríamos uma intervenção no prédio da Saúde às 8:40 da manhã, um cortejo pelas cantinas ao meio-dia e à noite uma apresentação na Lona.

Depois de reconhecermos o nosso percurso, sentamos em uma cantina e conversamos com a Natália, integrante do Cuca- MG (Centro de Cultura e Arte da UNE), ela nos contou como estava a divulgação do evento, eis uma notável diferença entre as outras universidades: conversar com o responsável pela divulgação. Sentimos que as coisas estavam concretas, o discurso dela era pela Cultura, as manifestações artísticas eram o carro chefe de sue discurso. Ela deixava bem claro que era através da arte que iríamos discutir Política, Saúde, Educação e Cultura.

Não deu outra, a notícia do evento estava circulando bem na universidade e as pessoas à espera do dia 22/08/08.


Sexta-feira, 22/08/08

No sábado dia 23/08/08 o efeito de nossa intervenção cultural na PUC (22/08/08) já estava estampado no Jornal “O Estado de Minas” com uma foto excelente e um título que fazia jus ao nosso trabalho CARAVANA DA CIDADANIA, os mineiros noticiaram a Caravana e seu sentido, já em suas primeiras palavras:

'um grupo de teatro, duas jornalistas, oito diretores da União Nacional dos Estudantes (UNE), uma equipe de documentaristas, um grupo de pesquisadores e dois malabaristas. Antes de pensar em marchar em prol da educação e da saúde pública, a Caravana e seus tripulantes já transpiravam outro valor: a arte.'

Na nossa jornada em Vitória- ES, nós do grupo Tá Na Rua tivemos um experiência que nos fez começar a pensar na essência deste coletivo de trabalho (experiência essa narrada pela Ana logo abaixo), porém no último dia de MG eu desconfio que a Caravana começou a mostrar a sua essência.

O Rio de janeiro foi muito rápido, Vitória o Ponto de Cultura não compareceu e na PUC de Minas Gerais quem fechou a atividade são As Meninas de Sinhá e o fervoroso Maurício Tizumba.

A Cultura mineira saía pelos tambores batidos naquele terreiro Católico Apostólico “não se conhece as crateras que existem atrás do Belo Horizonte” falava Tizumba para o público de estudantes que pulavam e dançavam.

As Meninas de Sinhá com toda sua idade e experiência chegaram para amansar a gira e liberar o calor. Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar... com cantigas infantis e africanas as meninas abriram a roda para Tizumba.

À meia – noite, com todas as atividades terminadas ficava explícito que cinqüenta por cento do sentido da Caravana estava nos Pontos de Cultura. Eles trazem concretamente toda a população e a cultura maciça do estado. Através dos tambores tive a sensação de ter sentido uma Minas Gerais que nunca achei que existia. De repente a melhor forma de diálogo entre Comunidade X Academia.

Não só nós da Caravana sentíamos Minas, os próprios mineiros depois de um dia corrido se sentiram ali, naquele instante.
Pela primeira vez em partida no nosso ônibus batemos palmas para o estado que ficava.

VIVA MINAS GERAIS!


Ps: comentário tirado do jornal 'Estado de Minas' Caderno Gerais; 23 de agosto de 2008.


Fernanda Paixão

Um comentário:

Henrique disse...

Fernanda achei empolgante o seu relato. Minas é realmente um estado de riquezas mil, me deu uma vontade imensa de olhar isso tudo aí. E uma saudade do Brasil. Voce deve estar tendo uma experiencia linda menina!!!! Beijos!