quarta-feira, 12 de novembro de 2008

UFAL: Muitas questões...





3/11/2008
Maceió, Alagoas, cidade linda, praias maravilhosas, muito sol, hotel ótimo, tudo o que estamos precisando para seguir com disposição este mês final da Caravana.
A Universidade era muito longe do hotel, não fomos fazer a pré-produção, combinamos de ir mais cedo no dia da atividade. Fomos informados que todas as nossas atividades seriam realizadas na praça do RU.
No dia 3 fomos às 7:30 para a UFAL, íamos fazer um cortejo até a biblioteca, mas não havia movimento e por isso mudamos a trajetória para o prédio de letras, e lá fomos nós cortejando e cantando, paramos ao redor de uma árvore onde alunos em mesas disputavam dominó, anunciamos nossa chegada e da Caravana, seguimos e chegando no prédio de letras muitos alunos ficaram do lado de fora das salas de aula nos observando e cantando conosco. Convidamos todos a nos assistirem mais tarde e participarem da programação do dia.
Ao retornarmos à praça do RU, local onde estava montada a tenda da Une verificamos que uma das chapas concorrente ao DCE (contra a UNE) montou sua tenda, ficamos sabendo que no fim da tarde provavelmente ocorreria um debate com a outra chapa, por esse motivo ficou acertado que nos apresentaríamos à noite após o debate, por volta de 18:30 horas.
Ao meio dia fizemos nossa intervenção dentro do RU (restaurante universitário), este diferente dos outros até que tinha um bom espaço, abrimos uma roda, e após pedir licença ao público e saber se queriam nos ouvir, fizemos a narrativa da Regadeira e As aparências enganam. Normalmente as intervenções no RU se limitam a um cortejo e a divulgação da programação e da chegada da Caravana na Universidade, são raras as vezes que conseguimos fazer um número, quer seja por falta de espaço, quer seja porque as pessoas estão comendo e fica bem difícil ou até incomodo ter que atrais sua atenção.
Ocorre que a Caravana quer ser vista e certamente o RU nos gigantes Campus universitários é o lugar que reúne o maior número de pessoas, para nós certamente não é o melhor local para intervenção, mas até que ponto podemos rejeitar a atuação, porque motivo, não podemos divulgar as atividades, temos sempre que fazer números?! E, mais, como já disse em outro relato, muitos foram os cortejos e intervenções em que o número de pessoas era mínimo, mas nem por isso acho que nossa passagem deixa de ser importante, quando alguém sorri verdadeiramente para mim/nós, ou bate uma palma, balança o corpo, faz um aceno, sinto que estou cumprindo minha função.
Seria ótimo que o público fosse sempre enorme e que todos gostassem do que agente faz, mas na universidade isso é muito mais difícil de se dar do que nas praças, quer seja por termos um público homogênio (classe média/alta), quer seja pelos anseios dos jovens que não estão interessados em nada que não seja o seu próprio futuro (a sociedade nos leva a sermos individualistas) e principalmente pela arquitetura dos campus, uns isolados dos outros, os espaços de convivência estão abandonados. Fica muito difícil concentrar as pessoas para uma atividade coletiva, assim agente acaba fazendo nossas atividades voltadas para um grupo específico de uma determinada sala, curso. Em todas as atividades internas que fizemos até hoje em nenhuma conseguimos reunir toda a universidade. Creio que os alunos de outros Campus (que não acontece atividade) mal ficam sabendo que estivemos lá. Mas é uma tarefa árdua, como unir as pessoas com tantas situações adversas!!! Me arrisco a dizer que talvez a única possibilidade seja de fora (da universidade) para dentro.
No fim da tarde nos preparávamos para nossa atividade, e vimos que realmente ia rolar o debate entre as chapas do DCE, a coisa ia longe e certamente nosso horário seria prejudicado. A Une começou a desmontar a barraca com o som, pois decidiram não intervir no debate e disseram que a viagem que faríamos na madrugada para Aracaju era perigosa e por isso devíamos adiantar a saída.
Gostaria de fazer um parenteses para falar sobre a discussão que se dá nas universidades sobre o Projeto do governo Federa com a Une que se chama Reuni e consiste em ampliar o número de vagas nas universidades, aumentar a proporção de alunos para professores de 1/17 para 1/18. Os alunos que são contra o projeto afirmam que a Universidade não tem estrutura para atendê-los e que faltam professores, por isso entendem que o aumento de alunos irá piorar o ensino. Eles fazem esta discussão cheios de razões, este sempre foi o ponto mais atacado contra a Une nas universidades em que houveram este tipo de manifestação. Eles falam em nome da educação pública, como se o que desejassem fosse o melhor para todo o país. Na verdade penso que defendem a não ampliação de vagas a fim de não aumentar a concorrência no mercado.
É importante dizer que a Une e todo cidadão brasileiro defende a melhoria de condições de estudo nas Universidades brasileiras, mas com relação ao número de vagas creio que antes de eles encherem a boca para dizer o que é bom para o ensino público deveriam ouvir, entrar em contato com os milhões de jovens brasileiro que não têm acesso à Universidade. Tenho certeza que o aumento do número de vagas é necessário, e creio que estes novos companheiros que ingressarem na universidade devem ser vistos como mais uma força para a reivindicação de melhores condições de estudo.
Ainda, destaco que estes jovens contra o Reuni também são contra o Prouni, que consiste no governo dar bolsas em universidades particulares para os estudantes que não tem condição de pagá-la. Concluo o seguinte: se não pode dar bolsa na particular e nem aumentar o número de vagas na universidade pública, e considerando que quem consegue entrar na universidade pública é quem teve condição financeira de fazer um bom colégio e/ou cursinho; estas pessoas que são contra os Projetos querem que a camada pobre da população permaneça excluída e sem acesso à universidade, o que é um absurdo. Creio que devam repensar seus conceitos e canalizar suas energias para um luta mais necessária, têm que entrar em contato com o mundo fora das paredes universitárias e entenderem que não existe salvação individua!!!
Mas voltando à atividade do Tá na Rua, nos foi proposto pela produção, em virtude de que o debate das chapas seguiria até mais tarde e que possivelmente após o encerramento haveria um esvaziamento de público, de nos apresentarmos no Campus de direito e/ou no auditório onde aconteceria o debate.
Houve uma grande discussão entre nós, eu queria fazer de qualquer jeito, fosse após o debate ou no campus de direito, achei que foi uma falta de respeito a Une ter desligado o som sem falar conosco, normalmente à noite fazemos intervenção com o som, a resposta da produção foi que sabiam que fazíamos o espetáculo sem som de qualquer forma pediram desculpa, falaram que os imprevistos acontecem para eles também e que é preciso lidar com estas situações.
Outra parte do nosso coletivo disse que eles não podiam ficar nos jogando de um lado para o outro que como não poderíamos fazer na praça que havia sido combinado não deveríamos fazer.
Quanto a isso minha opinião é que não importa o local, sabemos como funciona a universidade, o fluxo nem sempre é o esperado e aí principalmente nós do Tá na Rua, que não estamos presos a nenhum tipo de arquitetura temos total mobilidade para fazer nossa atividade em outros locais. O mais importante para mim e que a Une não nos desrespeitou é nosso conteúdo, em nenhum momento solicitaram a alteração ou adequação do conteúdo de nossas narrativas, nós é que sempre observamos o que está ao nosso redor e conforme a situação usamos nossos recursos para contribuir da melhor maneira com quem estamos trocando.
Estaremos sujeitos a alteração de locais, isso deve incomodar tanto assim as pessoas?! Fico me perguntando pois a mim não incomoda, o mais importante é entrar em contato com as pessoas e mesmo quando tem poucas o fato de podermos nos treinar, narrando, dançando, fazendo coisas, jogando entre nós, me satisfaz e contribuí para o meu crescimento e para o do coletivo.
Reta final, ânimos elevados, não conseguimos nos entender e acabamos não fazendo a apresentação da noite. Faremos uma avaliação do acontecido e procuraremos chegar a um acordo.
Fui pra casa/hotel com a sensação de um buraco, faltou um giro, um canto ou um sorriso para sair em paz de Maceió...
Ana Cândida

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