segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O conteúdo não muda o mundo sem prática.





30/10/2008
Em Recife, além de nos apresentarmos na Universidade Católica, fomos também na Federal.
Saímos do hotel atrasados o que prejudicou a atividade programada para a manhã, quando chegamos na Universidade o horário de intervalo no qual nos apresentaríamos já havia passado, ou seja não tinha público. Negociamos com a produção de fazer uma atividade maior no horário do almoço.
Por volta de 10:00 iniciou-se um debate sobre reforma universitária, e compareceram diversos alunos contrários a Une, usando nariz de palhaço, segurando cartazes que diziam ser contra o Prouni, dizendo que a Une não os representava e que a Une não participava das ocupações das reitorias. O debate foi quente, democraticamente todos falaram. Ouvimos coisas como a Une está trazendo circo para quê?! Aumentar as vagas sem estrutura não deve ser permitido. Que a Caravana é propaganda do Governo Federal, que a campanha de vacinação é do governo. A estas colocações o pessoal da Une respondeu consequentemente sobre a importância da ampliação do acesso à Universidade, a importância do teste de HIV, e que a Une deve cumprir também um papel social. Pediram desculpas ao circo, falando sobre a importância da arte.
Assistir tudo aquilo fez com que mudássemos o que tínhamos planejado fazer, engraçado é que pela manhã tinha falado com o Amir no telefone e ele tinha dito que o discurso narrativo em Vitória se deu em virtude do que encontraram na praça (diversos evangélicos pregando), não tem como ignorar o que está ao nosso redor. A dramaturgia do Tá na Rua, por não estar fechada, permite esse tipo de diálogo.
O Pimpolho estava com o discurso afinado e pediu para ser o último a falar no debate, falou sobre a importância da arte, como podemos agir através dela, e a necessidade dos alunos olharem para fora do muro das universidades, eles que estão ali podem estudar mas e quem não pode, (ele falou muito mais coisa, foi um discurso muito bonito e com muito conteúdo político e de vida) em seguida soltamos a música narrativa do João do Vale, Minha História que acaba com os homens do sertão que por não poderem estudar e não saberem fazer baião (arte), ficam abandonados à própria sorte, ao finalizar ficou a questão no ar: e os jovens que estão fora da universidade?!
O teatro contando a vida.
Encerramos falando da esperança de um mundo melhor, de uma universidade mais democrática e inclusiva, que dialogue mais com o mundo e então fizemos o Bêbado e a Equilibrista. Foi ótimo, nosso teatro foi afinado com os acontecimentos. Mostramos aos alunos nossas concepções e angústias agindo com o teatro.
O conteúdo não muda o mundo sem prática. (frase lida em um outdoor - fantástica!!!)
No fim da tarde voltamos a nos apresentar, pela primeira vez fizemos o Transporta o Céu para o Chão, o Aldo narrou e o Pimpolho fez o mendigo-rei. Tudo correu bem considerando ser a estréia do número, mas quando há a possibilidade de algo dar errado, dá errado, e na verdade deu meio errado!! Tínhamos combinado que após o texto entraria a narrativa musical da Deusa da Minha Rua, e entrou só que instrumental, ou seja, para quem não conhecia não dizia nada, eu entrei fazendo a Deusa e o Pimpolho, o mendigo, dançava comigo.
Olhei ao meu redor e vi que ninguém sabia cantar a música, só eu mesma, então tomei a louca coragem de pegar o microfone (já no meio da música) e cantar (que falta do Miguel e da Luciana!!!), eu fiquei tão nervosa de estar cantando que me atrapalhei toda com a letra, as encarei firme, acreditei (mais ou menos) no que eu estava fazendo. A narrativa prosseguiu e fechamos lindamente.
Revelei ao público o que acontecera, que a música devia ter a letra, que eu não sabia cantar, que minha voz era péssima, e que tive que improvisar, agradeci por terem me escutado até o final.
Para fechar o dia narrei o Inferno Nacional (nosso clássico), que está cada vez melhor, a sonoplastia melhorando a cada apresentação, o triálogo narrador – ator- ogam eletrônico, está se afinando, a rotatividade dos papéis é constante e assim podemos aperfeiçoar e descobrir sempre novas possibilidades.
Terminamos o dia felizes, eu em especial, por ter vencido mais uma barreira, a de cantar, tenho a consciência que foi desastroso, mas foi um ato de coragem no qual derrubei algumas barreiras, que venham outros muitos desafios!!!
Ana Cândida

Um comentário:

Fernanda Paixão disse...

Ana, o outdoor era: conteúdo sem prática não muda o mundo!

hehehe
beijão