quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O circo etério passou por Tocantins!!! Palmas!!!






19.11.2008
Nossa estada em Salvador teve de ser prorrogada pois o Ministério não liberou a verba da terceira parcela da Caravana, o que aconteceu foi que na quarta-feira, dia 12/11, nós sairíamos de Salvador rumo a Palmas, mas a empresa dona do ônibus deu ordem aos motoristas que a Caravana só iria seguir se fosse depositado na sua conta o valor faltante.
Ficamos parados, foi um inferno, nossas malas todas no ônibus para sair e nós na recepção do hotel sem saber o que iria acontecer. Sabemos como é burocrática a liberação de qualquer verba e que a coisa não se resolveria do dia para noite. No fim do dia renovaram nossa hospedagem no hotel, as negociações com o Ministério foram intensificadas, fato é que a Une devia ter feito isso à muito tempo, eles foram negligentes e confiaram no poder público.
Resultado, ficamos em Salvador até segunda-feira, dia 17/11, quando então a Une conseguiu por outros meios o valor da empresa de ônibus. O dinheiro do Ministério ainda não saiu!!! Durante este período tivemos que negociar várias vezes, queriam nos encaminhar para um albergue e até para um alojamento, sem frescuras, mas nessa altura do campeonato, mais de três meses fora de casa, em ritmo frenético de viagens e trabalhos, o mínimo de conforto é necessário, até mesmo porque não sabíamos o tempo que iria durar esta espera. Por fim ficou tudo certo e permanecemos no hotel que estávamos até a resolução da questão.
Assim, dia 17/11 depois do almoço, partimos para a longa viagem até Palmas, Tocantins, foram 22 horas. Na madrugada, em certo momento na BR tinha um trevo sem placa alguma, o motorista seguiu reto e logo entramos em uma estrada de terra deserta e cheia de pedras, não podia ser ali, o ônibus teve que ser manobrado para então pegarmos a direção certa no trevo, confesso que fiquei meio assustada!!!
Chegamos em Palmas dia 18/11, um calor de 36º graus, fizemos o reconhecimento do espaço e no dia seguinte pela manhã fizemos nossa primeira atividade, um grande cortejo pelos corredores, como vocês sabem estamos sem o Pimpolho, que faz uma falta danada no surdo, em Salvador a tentativa do Aldo de tocar foi desastrosa e já estávamos pensando em fazer o cortejo sem instrumentos, fato é que estamos cercados de músicos na Caravana, como não havíamos pesado nisso antes?!! Nosso querido produtor do documentário, Tiagão, com seus 2 metros de altura, deixou a timidez de lado, pendurou um pano na cabeça e conduziu o surdo com excelência acompanhando nossa desafinada mais charmosa cantoria (perdeu Pimpolho!!!).
Importante contar que antes de sair o cortejo, na frente da tenda da Une havia uma enorme área de terra e pedras (quase um campo de futebol), estava tocando uma música meio psicodélica e a Ju foi para o centro deste campo dançar, o Herculano e a Fe, foram em seguida!!! Era uma coisa meio Hair, se é que me entendem, a galera começou a parar para ver, o Aldo começou a narrar uma história do espaço de planetas, e então eu e o Chico entramos com uns panos, a história foi se desenvolvendo, começamos a tirar as roupas, jogamos os sapatos para cima, (as roupas coloridas naquele campo enorme de terra vermelha eram lindas!!) e começamos a correr, só que o chão tava cheio de pedrinhas e doía pra cacete, teatralmente tivemos que recolocar os sapatos, nos formamos em roda fomos apresentados como super verduras e depois corremos o campo todo e sumimos por trás de um prédio...foi uma viagem total, mas um momento de liberdade e prazer que fazia tempo não provávamos, estávamos soltos, sem compromisso com nada, só com nossa diversão, é tão bom fazer isso...
Na hora do almoço fomos fazer nossa clássica intervenção na lanchonete, quem nos deu a honra da companhia no cortejo tocando o surdo, foi nosso querido produtor Guilherme, que com uma cartola e uma saia de fitas, nos acompanhou com alegria, antes de sairmos da tenda fizemos uma chamada ao vivo para a Globo local, e saímos em cortejo para a lanchonete (vimos na TV que passaram as imagens da maluquice que fizemos pela manhã no campão!!!) lá chegando as pessoas pareciam que não estavam para muitos amigo, abrimos a roda e cumprimentamos a galera, aos poucos eles foram se soltando, perguntamos se queriam que contássemos uma história e disseram que sim, então o Aldo narrou a Regadeira, foi divertidíssimo, todos acompanharam e riram muito. Antes de nos despedirmos contamos ao público que era aniversário da nossa querida amiga Fernanda, e juntos cantamos parabéns.
Nossa última intervenção do dia foi no fim da tarde na lanchonete, assim que acabou o filme da Une que estava também sendo projetado na lanchonete iniciamos os trabalhos, havia bastante gente e algumas crianças que foram especialmente nos ver. Tínhamos definido fazer a apresentação dos atores o Campônio e o Inferno Nacional com a participação dos circenses.
O Aldo estava inspirado, o Chico no som também, ele só deu um mega deslise na minha apresentação, quando o Aldo narrava que eu era uma atleta que depois virei advogada e fui para o Rio, entrou a música Morena da Angola, nada haver, tentamos improvisar mas tava difícil, o Chico foi quem conseguiu se virar no som e soltou outra música que possibilitou seguir a história, foi muito engraçado. A apresentação da Ju estava sendo o máximo quando de repente a música e a luz pifaram, que merda, foi um balde de água fria, o espetáculo caminhava como nunca, estávamos muito entusiasmados!!!
Todos tentamos seguir, acreditando que o problema seria resolvido rapidamente, a questão principal não era o som, pois podíamos perfeitamente contar nossas histórias sem ele, mas a luz, esta sim fazia falta, fazer teatro no escuro não dá!! Enrolamos o quanto pudemos, e depois falamos ao público que iríamos aguardar a volta da luz para continuar (engraçado que alguns vieram falar conosco que acharam que aquilo fazia parte do espetáculo). O pessoal da produção mexeu nos fios e o que conseguiram foi ligar somente a luz, decidimos então, tendo em vista que o público estava todo ali aguardando, contarmos o Inferno Nacional sem som.
E assim, foi, pedi aplausos calorosos do público pela volta da luz e para aquecer nossos afetos e a história foi narrada, o público participou ativamente e nos ajudou a contar. Foi muito bom, tenho certeza que o longo tempo trabalho nos deixou mais afinados e capazes de vencer obstáculos como esse. Os circenses fizeram sua participação, entraram com malabares de fogo no Inferno e ao encerrarmos nossa história apresentaram seus números. O público ainda cantou um parabéns para a Fernanda que ficou muito feliz!!! (nesse dia ainda fizemos uma festinha surpresa para ela com direito a brigadeiro e balão!!!)
O público gostou muito do que viu, muitas pessoas vieram nos parabenizar, tenho certeza que se o som não falhasse faríamos uma apresentação primorosa, mas creio que a queda de energia não apagou nossa luz, e fomos capazes de fazer um lindo espetáculo e trocar muito com o público, a bolha ali se formou...
Ana Cândida

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