segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Teatro: O melhor amigo do homem!!!





10/10/08
Retornei ao Sudeste no dia 03/10, depois de mais de 1 mês de caravana. Primeiro para São Paulo para comemorar os 50 anos da mãe da Ana, foi uma festa linda diga-se de passagem e é sempre muito bom reencontrar a família e principalmente num dia de celebração. Depois de tantas tensões é
muito reconfortante o seio familiar. Passada a festa veio o dia das eleições onde eu fui justificar o meu voto pois estava ainda longe da minha Niterói querida, onde o ex prefeito Jorge Roberto Silveira ganhou de lambuja logo no primeiro turno. No dia seguinte à noite, fomos de ônibus para o RJ, (depois de tantas horas enclausurados dentro do busão da UNE, 6 horas de viagem é mole), desembarcamos as 6 da manhã no RJ e enfim chegamos na nossa cidade maravilhosa. Em casa foi muito bom rever meus irmãos, contar as novidades, distribuir lembranças, enfim, a mesma alegria esfuziante que tomou conta da Ana em SP tomou conta de mim também ao chegar no meu lar. Mas mesmo assim pairava no ar a sensação e o sentimento de que alguma coisa faltava naquela casa, foi nesse instante que a ficha caiu, foi a primeira vez que eu voltava de uma viagem e não era recebido pelo abraço, beijo , sorriso , carinho e saudades de minha mãe. Era estranho aquele vazio no sofá, o cheiro dela que não estava mais lá. Ainda não parei em casa para realmente sentir a falta que ela faz e no meio dessa caravana com mudanças constantes de lugar e humor, fica difícil por a mente no lugar e pensar: “Ela não vai estar mais lá quando eu voltar”. Me apego ao Teatro, aos meus fiéis amigos do grupo e novos da caravana, e principalmente ao amor da Ana que me conforta e me sustenta para que eu não caia na tristeza dessa perda irreparável na minha vida. Bom, vida que segue, no meio da semana participei da inauguração do Espaço Tom Jobim com o TNR e foi maravilhoso rever as pessoas e trabalhar naquele espaço lindo que é o Jardim Botânico. Voltei revigorado para a caravana mas precisamente para o estado do Piauí.
Cheguei no meio da madrugada ao hotel e fui para o quarto onde estava o Pimpolho e Herculano e conversamos um pouco sobre o que estava acontecendo na caravana e principalmente sobre a Luciana que estava internada num hospital, nessa mesma hora senti que o dia seguinte seria complicado pois o clima estava pesado e alguma coisa estava por vir.
Logo pela manhã cancelamos nossa participação na atividade da UFPI, o problema da Luciana tinha que ser resolvido então cancelamos também a atividade do meio dia. (não tínhamos condições psicológicas para fazer qualquer coisa).Combinamos então de fazer uma apresentação no fim de tarde nem que fosse só 3 atores, e chegando lá, o que eu estava sentindo se concretizou.
Havia um grupo de estudantes do DCE da faculdade pertencentes ao PSTU, totalmente contra a presença da UNE. Eles usavam camisetas com os seguintes dizeres: ESTUDANTE NÃO É PALHAÇO, FORA UNE. E também estenderam faixas de protesto e usavam uma caixa amplificada e megafones para vociferar seu ódio, e mais uma vez quem paga o pato dessa politicagem toda são os artistas da caravana. Apesar dos circenses terem feito uma apresentação linda, eles nos chamavam de palhaços e oportunistas era triste e lamentável. O resultado de tudo isso foi que o TNR não conseguiu se apresentar pois a noite caiu e ficamos sem luz. Mas, mo meio desse caos todo, surgiu um cão que começou a brincar comigo dando saltos junto a apresentação do circo e consequentemente brincou com o Pimpolho também, ele ficava nos rodeando o tempo todo e o curioso era que ele atravessava o espaço e ia em direção aos estudantes enfurecidos, dava uma cheirada e voltava rapidamente pra perto da gente e da cena colorida que estava diante de seus olhos famintos. Nesse exato momento me lembrei do Amir que sempre diz: quando tem cachorro na roda a coisa tá boa. Comecei a chamar o cachorro de Teatro e ele atendia e nessa hora um dos estudantes começou a distribuir pão para as pessoas e eu sinceramente ainda não sei o que significava aquela atitude de entregar os pães para as pessoas, alguns aceitavam e outros não, ele ofereceu ao Pimpolho que disse: Obrigado mas prefiro o circo. Entendi que aquele gesto era uma forma de protesto ao que estava acontecendo lá. Foi ai que o momento mais maravilhoso aconteceu, o estudante deu um pão ao cachorro e ele cheirou, abocanhou e enterrou no meio da praça onde estávamos. Nesse instante eu vi que o cão estava do nosso lado e afirmei: “É.... O Teatro é o Melhor Amigo do Homem.”
Aldo Perrotta

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